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58 anos de Marechal Cândido Rondon: a Fé sempre presente!
Gratidão e fé: realidades em destaque desde o início da colonização de Marechal Cândido Rondon, mencionadas inclusive, no Hino do município… letra que mostra que desde sempre, as pessoas se preocupavam em se reunir com o próximo para agradecer e louvor a Deus.
São 58 anos de história. Para comemorar, a Revista Paz traz uma reportagem especial, com a participação de colonizadores que fizeram parte da construção deste querido município e destacamos como foi feito e a importância do nosso Hino, conversando com a esposa de um de seus criadores. Vale a pena conferir!
Chegando a um novo lugar!
Dona Catarina Iurkiv Gomes, 84 anos, é esposa de Levi Gomes (falecido há 3 anos, aos 82 de idade). Ele foi um dos autores do atual Hino do município.
Catarina e Levi tiveram seis filhos: Ester, Sandra, Levi Filho, João Marcos, Sara e Lincoln, sendo que somente o caçula é nascido em Marechal Cândido Rondon. Hoje com 18 netos e 12 bisnetos, dona Catarina conta que tem muita saudade da época em que vieram de Grandes Rios (PR), para cá. Destaca que a fé sempre foi muito importante na sua vida. “Somos adventistas e quando chegamos aqui, não conhecíamos outras famílias desta mesma religião. Com o tempo, descobri que tinha um grupo de pessoas que se reunia em Margarida e começamos a frequentar o grupo na casa. Depois, íamos a Nova Santa Rosa e posteriormente, ajudamos na construção da igreja aqui em Marechal Cândido Rondon. Para tudo sempre peço a orientação de Deus e assim também foi quando surgiu a oportunidade de vir pra cá; oramos muito e seguimos a vontade do Senhor”, explica.
Ela ressalta a importância de Deus em sua vida: “Sem Jesus, não somos nada! E hoje precisamos nos apegar cada vez mais Nele. As coisas que estão acontecendo estão anunciando a breve volta de Jesus e temos que estar preparados”, enfatiza.
Uma nova letra…
Levi Gomes, juntamente com José Carlos Mello, criou a versão cantada hoje do Hino de Marechal Cândido Rondon, que é diferente daquela escrita logo após a emancipação do município, em 1960. Este foi composto por Willy Carlos Trentini. Mas, cerca de 10 anos depois, foi alterado a pedido do prefeito Almiro Bauermann.
Catarina acredita que Almiro tinha razão ao querer atualizar o Hino, já que a letra original se referia muito ao município de Toledo, o que não condizia à nova realidade. “Lembro muito bem que o Levi, que gostava muito de textos, músicas e arte, escreveu uma linda poesia sobre o município e presenteou o prefeito, que gostou muito. Dessa poesia surgiu o hino que, particularmente, acho lindo e me emociono de uma forma diferente cada vez que ouço. O Levi, assim como eu, amava Marechal Cândido Rondon! E mesmo estando pouco tempo aqui, já que chegamos em 1970, quando ele assumiu o Cartório de Registro Civil, já tinha inspiração e amor pela cidade para escrever lindas palavras sobre ela, baseadas no sentimento e vivências do povo que aqui vivia”, destaca.
O atual Hino de Marechal Cândido Rondon foi instituído através da Lei Municipal nº 1.099, de 1º de setembro de 1974, durante a gestão do prefeito Almiro Bauermann. Na época em que foi reescrito, Willy Carlos Trentini já havia falecido e como forma de homenageá-lo e por ser considerada muito bonita, a música original foi mantida.
A inspiração
A poesia escrita por Levi sobre o município e que inspirou a letra do Hino, era essa:
Marechal Cândido Rondon
Cidade hospitaleira
Um pedaço do meu Paraná
Está na faixa de fronteira
Da região é mais pujante
Com seu povo mui gentil
Aqui tudo vai avante
É o progresso do Brasil
Os pioneiros que aqui chegaram
Logo iniciaram seu labor
As duras lutas sempre enfrentaram
Mostrando muito o seu valor
Willy Barth colonizou
Com amor e dedicação
Arlindo Lamb completou
Com a primeira administração
Com o trabalho desta gente
Que sempre está presente
E nunca desanimou
Enfrentando a realidade
Com muita dignidade
É que tudo aqui se formou
Cidade dos filhos meus
Abençoada por Deus
Nosso Pai onipotente
Terra que me deu guarida
Para mim muito querida
Pois aqui vivo contente
Hino Municipal (versão original)
Letra e música: Willy Carlos Trentini
Na terra minha do pinheiro
No lindo Paraná do Oeste
Surgiu milagre de Toledo
Rondon orgulho pioneiro
Rondon gigante e majestoso
Teu nome é eterno na história
Milhares obram tua grandeza
É teu povo primoroso
Entre a orquestra serra o machado
Três homens longe da cidade
Comendo a folha do palmito
Abriram brecha neste mato
Um chefe cujo nome nobre
Inapagável nesta história
Compaixonou-se com carinho
Ao pioneiro rico e pobre
Rondon conquistando obreiro
Teus campos vilas e riquezas
Teus templos é bênção divina
Trabalho, amor, Rondon Celeiro
Rondon seremos de fileira
Lutemos pela tua grandeza
Bendito nome eternizado
Rondon audácia pioneiro
General Rondon, General Rondon,
General Rondon, General Rondon,
General Rondon, louros mil!
Por ti nós sangramos
Nosso amor pelo Brasil
Hino Municipal (versão atual)
Letra: Levi Gomes e José Carlos Mello
Música: Willy Carlos Trentini
Na linda terra do pinheiro,
No meio de uma selva agreste,
Cresceu um povo hospitaleiro,
Rondon orgulho do Oeste.
Ao som da serra e do machado,
Três homens hastearam uma Bandeira,
Futuro viram em todo lado
E apostaram uma vida inteira
Marechal Cândido Rondon,
Marechal Cândido Rondon
És cidade, és canção
Marechal Cândido Rondon,
Marechal Cândido Rondon
Já tens alma e coração;
Na terra o pão de todo dia,
No sol a luz pro ano inteiro.
Na luta eterna alegria,
Rondon, trabalho, amor, celeiro
Talvez não seja a prometida,
Mas é bastante generosa.
Pra muitos é a mais querida.
Pra outros a mais poderosa
O sonho hoje se tornou
Maior gigante majestoso.
O povo simples continuou,
Mas fala alto e mais garboso
Nas vilas, bairros e cidade,
Nos templos muitos agradecem.
Rondon será eternidade
Pra todos que a engrandecem
Os desafios de cada época
O pastor Valdemar Martin (78 anos), chegou a Marechal Cândido Rondon em 03 de fevereiro de 1978, vindo de Três de Maio (RS), com a esposa Leda, com quem tem cinco filhos: Ronie, Clovis, Débora, Rogéria e Fabrício. Destes 40 anos, só ficou fora da nossa cidade de 1991 a 1996, quando então voltou já aposentado, mas ainda trabalhando como pastor emérito da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.
Ele conta que quando vieram para cá, era tudo muito diferente, a começar pelas estradas, que em grande maioria, não eram asfaltadas. “O progresso foi chegando a Marechal Cândido Rondon e tudo foi ficando mais fácil, inclusive a locomoção. Hoje, é muito simples ir e vir para qualquer igreja, até nas localidades mais afastadas. Antigamente, muitas vezes, chegar a determinados lugares era um desafio”, relata.
De jovens a idosos
O pastor destaca que o trabalho nas igrejas hoje é muito diferente do que quando aqui chegou. “Sendo um município jovem, quem veio colonizar eram os casais jovens, com crianças. Normalmente, os idosos ficavam nos lugares de origem. Então, a preocupação das igrejas era o trabalho com crianças e jovens. Praticamente não se via idosos andando pela cidade, ao contrário da realidade atual. Lembro-me de uma congregação do interior na época que tinha um coral composto por 30 jovens; há cerca de 4 anos, atendi a essa mesma congregação e informaram que não havia jovens em número suficiente sequer para formar uma diretoria! Atualmente, as famílias têm menos filhos e os jovens, quando estudam, acabam indo para a cidade. Portanto, o trabalho nas igrejas mudou: tem que ser focado também nos idosos. Para termos uma ideia, há cerca de 20 anos, não havia clubes de idosos aqui… e hoje, tem mais de 20… e todos com muitos membros”, relata.
Diante desta nova realidade, Valdemar relata que muitas coisas mudaram no direcionamento dos trabalhos das igrejas. Um detalhe interessante é que, há 13 anos, ele mesmo repassa a Palavra de Deus em um culto por mês na língua alemã, pensando principalmente nos idosos. “No início deste trabalho, tinha em torno de 65 pessoas assistindo; hoje são em média 25 pessoas. É um trabalho de grande importância, pois para as pessoas que ouviam o Evangelho em alemão desde criança, poder ouvir essa mesma Palavra em idade avançada, são muito impactadas”, acredita.
58 anos de atividade ministerial
O pastor Valdemar iniciou seu curso superior em Teologia em 1960 e em 1961, já atendia a diversas pessoas. “Se contar esse trabalho já antes da formatura, até hoje, com o trabalho parcial que ainda realizo como pastor emérito, já são quase 58 anos de atividade ministerial”, relata.
São centenas de cultos, reuniões com grupos de famílias, corais, casamentos, dez anos como professor universitário na disciplina de Teologia / Cultura Religiosa, dentre diversas outras atividades desempenhadas pelo pastor Valdemar aqui em Marechal Cândido Rondon, bem como em outras localidades. “Lembro de cada comunidade que atendi em minhas orações: pessoas, famílias… os membros das igrejas em que atuei e ainda atuo parcialmente (já que atendo a praticamente todas as paróquias como interino), são como pessoas da minha família. Hoje vejo como durante uma vida, podemos fazer muita coisa! Acredito que a comunidade toda deve estar envolvida no bem estar que a Palavra de Deus deseja trazer a todos. Uma vida com Cristo vale a pena”, finaliza.
Terra produtiva e generosa
Gualberto (Guni) Batschke, 79 anos, chegou a Marechal Cândido Rondon em meados de 1964, com a esposa Lira e os filhos Victor (com 2 anos e meio) e Marcus (com um aninho de idade). “Uma história iniciada nesta ‘linda terra dos pinheiros, no meio de uma selva agreste’… talvez não fosse a ‘mais querida’ mas, atraídos por ser uma terra produtiva e generosa, aqui chegamos… neste que se dizia ser o ‘Eldorado do Sul do Brasil e do Oeste Paranaense’ … e aqui o futuro se tornou realidade. Lembro que, naquela época, não haviam ruas asfaltadas, sequer calçadas, mas muita poeira e lama. A luz elétrica só existia por algumas horas e com intervalos durante a noite. No município, residiam em torno de 4 a 5 mil habitantes; não haviam supermercados, tão somente mercearias, casas comerciais tipo armazéns, açougue, posto de combustível, loja de material de construção, cerâmicas e olarias, serrarias, boas escolas e outros pequenos comércios”, relembra.
“O Senhor Deus é rondonense!”
Guni conta que vieram do Rio Grande do Sul, da região “Missioneira Alto Uruguai” – região de Ijuí – Santo Angelo, onde o Cristianismo Evangélico era predominante e a sua família participava na Igreja Luterana (IECLB). “Desde cedo, nos foi ensinado o Evangelho de Jesus Cristo, nosso Senhor, Criador, Salvador… pela Fé e crendo em Cristo, fomos e somos muito abençoados.
Aqui chegando e estando, ingressamos para congregar na Comunidade Evangélica Martin Luther, onde fomos bem acolhidos e os membros foram muito receptivos. No pastorado estava, na época, o pastor Joachim Pavelke. Lembro-me de muitas pessoas que chegaram à fé e a igreja ia crescendo e outros pastores prestavam atendimento também”, explica.
Ele relata que em Marechal Cândido Rondon, também existiam outras igrejas, como a Luterana Cristo, Batista Pioneira e Alemã, Igreja Católica, entre outras, todas bem acolhedoras. “Naqueles primórdios, ouvia-se pessoas falando o tal ‘dito popular’: ‘ O Senhor Deus é rondonense’, pois se via e vivia muita paz, aconchego, solidariedade, comunhão e amizades! Permanecemos como membros da Igreja Martin Luther até 1999, quando fomos convidados a participar de encontros com irmãos da MEUC (Missão Evangélica União Cristã), cuja sede foi em Maripá e o missionário pastor era Henrique Deckmann. Nesta época, junto do pastor, mais alguns irmãos vinham até Marechal, primeiramente uma vez ao mês, e era nas nossas residências que nos encontrávamos para a comunhão, estudos bíblicos, anunciando e proclamando o Evangelho da Salvação … e sentia-se que o sopro do Espírito Santo pairava como uma brisa nestes locais! Muitas pessoas vinham se agregar para participar dos estudos e meditação nas palavras que Deus nos ensina, como em Provérbios 19: ‘Quem obedece e segue os mandamentos do Senhor, preserva sua vida, mas quem os despreza, se perderá pelos caminhos, e quanto mais nos ligarmos a Ele , mais livres seremos…’ e nesta obediência, mais pessoas vinham aos estudos e então estes encontros passaram a ser quinzenais”, destaca.
Sr. Guni ressalta que os locais não abrigavam mais tantas pessoas e outra vez, o Espírito Santo tocou corações de amor e solidariedade e em 1997, a Diretoria e o Presbitério da Comunidade Martin Luther ofereceram para a MEUC o salão paroquial para seus cultos e encontros. “E assim, Deus foi abrindo as ‘comportas’ dos céus e derramando sobre o povo tantas bênçãos, que novamente o local cedido, ficou pequeno. Por cerca de três anos, à medida em que a Missão vinha crescendo, a MEUC e a IECLB, em conjunto do Sínodo Nacional, decidiram que a MEUC poderia tornar-se uma comunidade cristã religiosa ‘independente’ e com isso, chegou-se ao consenso da necessidade de um espaço físico próprio. De forma resumida, em 2002, com a coordenação de Diretoria própria e membros participantes, foi adquirido um terreno e cerca de dois anos depois, foi dado o ‘passo de fé’ para iniciar a construção. Com a ajuda e esforço de muitas e muitas pessoas generosas, no ano de 2008, fomos abençoados com a abertura desta casa de Deus, que atualmente é atendida pelo pastor Rafael Wetzel e sua esposa Aline”, explica.
Um povo hospitaleiro
Em tantos anos vivendo em Marechal Cândido Rondon, Guni acredita que o município se destaca por sua terra produtiva, seu povo forte e hospitaleiro e o que vemos hoje ainda é um povo que teme a Deus. “O Evangelho se propaga em inúmeras igrejas e templos e graças a Deus, Seu Nome é louvado. Independente da denominação religiosa, devemos seguir e louvar Aquele que nos dá o perdão e a Salvação! Oro sempre para que Ele possa continuar abençoando nosso município, pois feliz é a nação (e o município) cujo Deus é o Senhor”, finaliza.
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