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A Páscoa e o Dia da Mentira
“Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo”
Efésios 4:25
Em 1º de abril de 2018, comemora-se o Dia da Páscoa; exatamente no dia em que é exaltado, no calendário de datas comemorativas, o “Dia da mentira”.
Para alertar os cristãos, a Revista Paz traz uma reportagem especial sobre esse tema… afinal, o que Deus pensa sobre a mentira e sobre ter um dia especial para comemorá-la? Confira:
A Páscoa e o Dia da mentira
O pastor Vicente Mariano, da Assembleia de Deus de Marechal Cândido Rondon, destaca que lhe causa espanto ter um dia para lembrar e comemorar a mentira, já que, como cristãos, devemos lembrar que na Bíblia, em João 8:44, aparece uma expressão contundente: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”. “Por essa razão, trago alguns esclarecimentos sobre ambas as datas: mentira e Páscoa – considerando que na comemoração do Dia da Páscoa, há muitas inverdades, não da parte Bíblica, mas de invenções e acréscimos de itens que vão além da racionalidade”, ressalta.
Como surgiu o Dia da mentira?
Pastor Vicente conta que há muitas explicações para o 1º de abril ter se transformado em o Dia da mentira, ou dia dos bobos; uma delas diz que surgiu na França: desde o começo do século XVI, o Ano Novo era festejado em 25 de março, data que marcava a chegada da Primavera. As festas duravam uma semana e terminavam em 1º de abril. Em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX de França determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1º de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1º de abril. Pessoas então passaram a ridicularizá-los, enviando presentes estranhos e convites para festas falsas.
Por que as pessoas mentem?
A mentira pode surgir por várias razões:
- Quando tememos que a verdade traga consequências negativas;
- Insegurança ou baixa autoestima;
- Quando pretendemos fazer passar uma imagem de nós mesmos melhor do que a que verdadeiramente acreditamos ter;
- Por razões externas, quando o exterior nos pressiona ou por motivos de autoridade superior ou por coação;
- Por ganhos e regalias, se mentir traz ganhos e vale a pena mentir, já que ficamos em vantagem em relação aos que dizem a verdade;
- Por razões patológicas;
- Na infância, mente para se isentar das culpas;
- Adolescentes descobrem que a mentira pode ser aceita em certas ocasiões e até ilibá-las de responsabilidade e ajudar a sua aceitação pelos colegas.
O que diz a Bíblia sobre a mentira?
- “Algumas amizades não duram nada, mas um verdadeiro amigo é mais chegado que um irmão”. Provérbios 18:24
- “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. João 8:32
- “O amor não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade”. I Cor. 13:6
- “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. Êxodo 20:16
- “O que usa de fraude não habitará em minha casa; o que profere mentiras não estará firme perante os meus olhos”. Salmos 101:7
- “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a verdade são o seu deleite”. Provérbios 12:22
- “Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros”. Efésios 4:25
- “Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”. Col. 3:9-10
- “Mas, se tendes amargo ciúme e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade”. Tiago 3:14
- “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idolatras, e todo o que ama e pratica a mentira”. Apocalipse 22:15
- “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. João 14:6.
Por que não introduzir o Dia da Verdade?
Pastor Vicente destaca que falar a verdade sempre trouxe os melhores resultados, aliás, todos os dias são da verdade! Quem fala a verdade, tem sempre uma só história. “Parece que não há nada demais nas brincadeiras feitas nesse dia. Alguns sites ensinam até como enganar (mentir) sem ser prejudicial. Mas, como uma mentira pode não ser prejudicial? Para o pragmatismo, o que importa não é a verdade, mas se algo, mesmo sendo mentiroso, funciona; ou seja, se funcionar, mesmo que seja a pior de todas as mentiras, isso deve ser aceito como verdade.
O outro problema que envolve a mentira é o relativismo. Isaías mostra que tal pensamento é perverso e merece o juízo de Deus: ‘Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; e fazem do amargo doce, e do doce, amargo!’ (Is 5:20). Olhando para a primeira mentira descrita na Bíblia, vemos que a aceitação desta prática não foi nada pragmática nem relativa, uma vez que Deus disse a Eva que se comesse do fruto certamente morreria, e a serpente disse a ela que ‘certamente não morrerás’ (Gn 3:4). Quando uma mentira é acreditada, o estrago pode ser grande, dessa forma, como foi na queda de nossos primeiros pais (Adão e Eva), por terem dado ouvidos à voz do diabo e não à voz de Deus, fez com que toda a humanidade ficasse debaixo da ira de Deus, sendo cada um de nós, desde a nossa concepção, merecedores do fogo eterno.
Uma das proibições bem claras sobre a mentira é o 9º Mandamento, que diz: ‘Não dirás falso testemunho contra o teu próximo’ (Êx. 20:16). O ‘falso testemunho” leva em si várias circunstâncias de ocorrências (cf. Lv 6:1-7), mas o que está por volta é a mentira. A mentira, em qualquer circunstância, é pecado, mesmo quando uma criança, quando acha algo na rua, diz que ‘achado não é roubado’. A Bíblia responde:
- “o que achou o perdido e o negar com falso juramento […] Será pois que, como pecou e tornou-se culpado” (Lv 6:3,4);
- ou também, com as nossas ‘pegadinhas’, ou até mesmo os trotes de faculdade, que são tratados como brincadeiras, a Bíblia responde: ‘Como o louco que solta faíscas, flechas e mortandades, assim é o homem que engana o seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira’ (Pv 26:18,19);
- A mentira é mostrada como um aspecto que pertence ao velho homem corrupto (Ef 4:22-25);
- O mentiroso é tido como filho do diabo (Jo. 8:44);
- E a ordem bíblica é que aquele que mentia, não minta mais, mas fale a verdade com o seu próximo (Cl 3:9).
Em suma, a mentira, o pragmatismo e o relativismo são atos contra a verdade de Deus que acarretam em vários males que prejudicam não somente o autor do ato, mas também aqueles que são afetados pela mentira. Portanto, os que amam e praticam a mentira ficarão de fora do reino eterno (Ap 22:15)”, enfatiza.
Mentira: pernas curtas, mas longos estragos!
O pastor Thiago Rodrigo Smaniotto, da Igreja Evangélica A Verdade que Liberta de Marechal Cândido Rondon, diz que a Bíblia menciona por mais de 100 vezes a palavra mentira e adverte de diversas formas os filhos de Deus a abandonar a mentira e agir em verdade. “Mas o que é mentir? De uma maneira simples, poderíamos dizer que é enganar alguém com palavras e atitudes, visando tirar alguma vantagem disso. A mentira é devastadora. Produz descrédito e decepção. A mentira é nociva não apenas por causa de sua natureza perversa, mas também por causa de sua origem maligna. Segundo a Bíblia, o diabo é o pai da mentira e somente este fato já deveria nos fazer passar longe do hábito de mentir”, acredita.
Pastor Thiago desataca que, muito embora a mentira não se mantenha de pé o tempo todo, pois “tem pernas curtas”, ainda assim produz muitos males:
- Em primeiro lugar, a mentira é uma afronta a Deus. “Deus é luz e não há nele treva nenhuma. A mentira não habita na luz, antes atua nas regiões escuras do engano. A mentira é uma afronta contra a natureza de Deus e uma violação da Sua Lei. O 9º mandamento diz: ‘Não dirás falso testemunho’. A ordem divina é: ‘… deixando a mentira, fale cada um a verdade…’. A mentira tem muitas facetas. Ela se apresenta disfarçada às vezes de autodefesa, outras vezes de simples negação da verdade. Quando Deus confrontou Adão por seu pecado, ele colocou a culpa em Eva. Quando Deus confrontou Caim pelo assassinato de Abel, ele esquivou-se dizendo que não era tutor de seu irmão. O mentiroso diz sim, quando deveria dizer não e diz não quando deveria dizer sim. A mentira é uma distorção, inversão e negação da verdade. Portanto, a mentira é uma ofensa à santidade de Deus”, acredita.
- Em segundo lugar, a mentira é uma afronta ao próximo. “A mentira tem como propósito enganar o próximo. Seu intento é sonegar a verdade ao próximo para roubar seus direitos ou se aproveitar da situação. A mentira tem a ver com uma informação repleta de distorções, para maquiar os fatos, usurpar o próximo e fazer o mentiroso se passar por íntegro. Toda mentira é prejudicial, pois não pode existir comunicação saudável nem relacionamentos confiáveis onde a mentira está presente. Seus efeitos são desastrosos, pois destrói a confiança, o alicerce das relações humanas”, destaca.
- Em terceiro lugar, a mentira é uma afronta a si mesmo.” O mentiroso destrói a si mesmo antes de atingir o próximo. Perde sua credibilidade, seu nome e sua alma antes de prejudicar os outros. Os mentirosos não entram para o rol daqueles que são considerados respeitos e dignos. Os mentirosos são abomináveis na terra e não herdam os céus. Os mentirosos, cedo ou tarde, bebem de seus próprios venenos e se veem em uma prisão de insustentáveis mentiras. Colhem os frutos malditos de sua própria semeadura tola. Os mentirosos tropeçam em sua própria língua e cavam a sua própria sepultura”, relata.
- E em quarto lugar, a mentira é uma afronta à sociedade. “Vivemos numa sociedade corrompida, que faz uso contínuo da mentira nos palácios, nas cortes, nas universidades, nos templos, na indústria, no comércio e na família. A mentira vem, muitas vezes, travestida de verdade. Sendo perversa, às vezes, desfila na passarela da honra. A mentira, entretanto, é maligna em sua essência e devastadora em seus efeitos. Não há sociedade ordeira e justa onde a mentira se traveste de verdade. Não há confiança duradoura nas relações onde a mentira se disfarça de verdade. Não há conceitos sólidos da verdade bíblica ou dos preceitos éticos onde a mentira impera. Não há justiça social onde a mentira engana o povo nas campanhas eleitorais e na mídia. É impossível construir uma sociedade honrada sobre o fundamento da mentira. Só no canteiro da verdade floresce o amor, a justiça e a paz. A mentira produz morte, mas a verdade dá à luz a vida. Deixemos, portanto, a mentira e falemos a verdade”, ressalta.
1º de abril?!
O pastor Thiago acredita que não precisamos ser extremistas no que diz respeito a brincadeiras entre amigos e conhecidos, onde não há risco de ninguém ser prejudicado e todos os envolvidos se divertem juntos. “Mas não me parece nada condizente com um cristão a exaltação de um dia para celebrar a mentira, principalmente depois de percebermos pela Palavra de Deus o quão prejudicial e desagradável a Deus ela é. Nossa sociedade carece de exemplos de pessoas que falem a verdade e mantenham a sua palavra. A mentira impera tanto que seria surpreendente para nós brasileiros se um dia fosse respeitado o ‘dia da verdade’ e pelo menos por um instante os políticos resolvessem usar da verdade e abrir mão de mentir para alcançar seus próprios interesses. Mentir está arraigado em nossa cultura popular: qualquer torcida considera condenável um jogador de seu time se ‘acusar’ dizendo que a bola pegou em sua mão, enganar professores e patrões para obter vantagens ‘faz parte’ da vida. Dos discursos hipócritas de políticos pegos com a mão na massa até os pais, muitas vezes com boas intenções, dizendo: ‘faça isso se não o bicho vai te pegar’, crescemos e vivemos em uma sociedade conformada com a mentira”, enfatiza
No que diz respeito ao dia 1º de abril, um cuidado especial a ser observado pelos pais, além da exaltação da verdade, é a incapacidade das crianças e adolescentes (muitos adultos também) de perceberem os limites entre uma brincadeira considerada inocente e uma tragédia em potencial. “Em 2013, a ‘brincadeira’ de um garoto de 16 anos, Jordan Morlan, teve um final trágico; o jovem gostava muito desse período e sempre tinha o costume de assustar as pessoas, principalmente a sua irmã mais nova. Jordan teve a ideia de amarrar uma corda em uma árvore de sua casa e fingir ter se enforcado. A irmã do garoto, vendo-o pendurado na árvore sem se mexer, assustada, correu para avisar a mãe. A mãe, já acostumada com as brincadeiras do filho, não se importou muito naquele momento, mas foi verificar do que se tratava. Ela levou um susto, porque Jordan realmente estava morrendo. O atendimento médico foi chamado, contudo, o jovem não resistiu e faleceu”, finaliza.
Dia da Páscoa
O pastor Vicente destaca que a Páscoa não é só um momento de celebração com bacalhau no prato e troca de ovos de chocolate. “Eu não sou contra essas tradições! Em família, temos o hábito de fazer um grande encontro, uma boa refeição dentro das possibilidades.
O que estou dizendo é que devemos lembrar o verdadeiro sentido da Páscoa: a morte e ressurreição de Jesus e o que Ele fez por nós. O principal alvo da comemoração deve ser a ressurreição de Jesus e sua vitória sobre a morte, o pecado e o diabo. A primeira páscoa aconteceu há milhares de anos, quando o povo de Deus estava sendo escravizado no Egito. Deus teve misericórdia e decidiu libertá-los através de Moisés. Contudo, Faraó não queria deixá-los ir embora; dessa maneira, Deus enviou pragas para tentar fazê-lo mudar de ideia. Todavia, como Faraó endureceu o coração, o Senhor decidiu ferir todos os primogênitos do Egito como forma de castigo. Porém, ao Seu povo (os israelitas), Deus deu uma ordem: eles deveriam sacrificar um cordeiro para cada família e teriam a proteção; tinham que passar o sangue deste cordeiro na porta de cada casa, visto que, quando o destruidor (a morte) passasse, não entrasse na casa que tivesse sido marcada pelo sangue na porta (Êxodo 12:1-14). Daí vem o termo Páscoa (no hebraico: pesah), o qual significa ‘pular além da marca’, ‘passar por cima’ ou ‘poupar’. Sendo assim, foram protegidos da condenação e da morte através do sangue do cordeiro morto.
Da mesma forma, muitos anos depois, Deus enviou o seu Filho Jesus, o Cordeiro Santo, para ser morto numa cruz. O seu sangue, aspergido sobre os nossos pecados, traz-nos salvação, proteção, livramento e vida. A Bíblia diz que Deus sempre amou a humanidade, porém, todos nós o desobedecemos e pecamos, consequentemente, fomos condenados à morte eterna. Ademais, como não podemos apagar essa dívida, precisamos de um cordeiro puro, sem pecados, com fito de livrar-nos da condenação do inferno. A boa notícia é que Jesus é este cordeiro! Quando João Batista o viu se aproximando, ele disse: ‘Vejam! É o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’! (Jo 1:29). Jesus se fez homem, morreu para salvar-nos e ressuscitou. Todo aquele que crê no seu sacrifício e arrepende-se, recebe o sangue o qual dá livre acesso ao Pai. Não precisamos mais fazer sacrifícios nem penitências, pois tudo já foi consumado – o preço já foi pago por nós na cruz. Jesus é a verdadeira Páscoa e nada e ninguém pode substituí-lo! Devemos crer nas promessas de Jesus:
‘Eu vim para que vocês tenham vida, e a tenham em abundância”’(João 10:10).
Não podemos conformar-nos com as coisas deste mundo, mas permitir que sejamos transformados a cada dia pela Palavra de Deus”, ressalta.
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