Esses dias, uma amiga comentava sobre todas as mudanças que foram causadas pela pandemia que estamos vivendo. Ao final do desabafo, ela disse: eu só sei que estou contando os dias pra tudo isso acabar. E eu falei: você está contando? Então me fala logo: quantos dias faltam?
É óbvio que era um modo de dizer que ela estava esperando que tudo acabasse logo, mas me fez pensar profundamente sobre isso. Não sabemos se voltaremos a sentir que a vida está se normalizando, ou se isso que estamos vivendo já é o “novo normal”.
Os discípulos estavam na mesma dúvida, enquanto Jesus lhes falava sobre o fim dos tempos e sobra a Sua volta: “Dize-nos quando vai ser isso, qual é o sinal da tua vinda e do fim desta época”. Mas Jesus não lhes dá datas. Ele informa os acontecimentos que irão anteceder este dia, e afirma: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai” (Mateus 24.36). E, então, Ele começa a usar parábolas, a fim de simplificar as verdades complexas.
Uma dessas parábolas é a das dez virgens. Para entendermos melhor a parábola, é preciso que conheçamos um pouco da tradição dos casamentos judeus da época.
Quando um rapaz judeu encontrava a mulher que queria (ou a mulher que seu pai dizia que ele queria), ele teria que ir à casa da moça com uma proposta, dando os termos pelos quais ele estava propondo o casamento e o preço que estava disposto a pagar pela moça.
Se houvesse consentimento, ele voltava à casa do pai e tinha que edificar, separado da casa do pai, uma câmara de núpcias, uma pequena suíte, na qual os dois teriam sua futura lua de mel. Ali deveria haver provisões estocadas, pois a noiva e o noivo permaneceriam sete dias ali dentro. O pai do noivo seria o juiz sobre quando a obra estaria terminada. (Se isso fosse atribuído ao noivo, ele construiria de qualquer jeito e logo iria correndo buscar a noiva). Por isso, se alguém perguntasse ao noivo quando ficaria pronto, provavelmente ele diria: só meu pai sabe.
A noiva, por sua vez, deveria preparar o enxoval e convocar suas irmãs e suas amigas para estarem preparadas para acompanhá-la às bodas. E vejam que romântico: todas as noivas judias eram “roubadas” durante a noite. Quando o noivo se aproximava da casa dela, um dos amigos que o acompanhava deveria dar um grito. Quando a noiva ouvisse aquele grito, saberia que seu noivo chegaria em alguns minutos. Só daria tempo para acender sua lâmpada, tomar seu enxoval, e sair com ele. Suas irmãs e suas amigas que quisessem assistir às bodas, também tinham que estar com suas lamparinas prontas. Ninguém poderia andar pela noite escura, no terreno rochoso de Israel, sem carregar uma lâmpada.
Jesus é o noivo apaixonado, que declara Seu amor pela Sua Igreja, e depois diz: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também” (João 14.2 e 3).
Mais do que esperar pelo fim dessa época de pandemia, devemos esperar pela volta do noivo. Contar os dias, sem nem saber quantos dias faltam. Devemos estar preparadas e vigiar, pois não sabemos o dia, nem a hora. O noivo tampouco o sabe. Só o Pai.
Falta muito, Pai?