Por Zenaide Müller – Psicopedagoga e Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil do Colégio Evangélico Martin Luther
“Ao brincar, a criança tem a oportunidade de experimentação, necessitando valer-se da imaginação, do faz de conta, utilizando materiais de seu alcance para produzir elaboradas construções da sua realidade, desenvolvendo seu potencial criativo. Assim, um pedaço de madeira pode virar um cavalo; com areia ela faz bolos, doce para sua festa de aniversário imaginária e, ainda, cadeiras se transformam em trem, em que ela tem a função de condutor, imitando o adulto”.
(BENJAMIN, Walter. Rua de mão única. SP: Brasiliense, 2002.)
O brincar é uma das atividades primordiais para o desenvolvimento da criança, desde o desenvolvimento de sua identidade até sua autonomia. Desde muito pequena, ela já se comunica por meio de gestos, sons e movimentos durante as brincadeiras de que participa.
Brincar também possibilita que a criança desenvolva a imaginação. Ao imitar vivências cotidianas, como brincar de bonecas, de carrinho ou escola, as crianças estimulam a imaginação e o faz de conta. As brincadeiras as transportam para um mundo mágico, onde podem desenvolver o senso crítico resolvendo seus problemas e conflitos, bem como encontrando soluções para suas frustrações. Além disso, quando a criança brinca, ela explora o espaço e adquire habilidades diversas, até mesmo na construção de seus próprios brinquedos – tudo do seu jeito e no seu tempo, o que colabora para o desenvolvimento da sua autonomia.
É através do lúdico que a criança experimenta a vida, vivencia experiências diárias, buscando assim também se socializar com outras crianças e adultos. Toda criança tem o direito de buscar o seu espaço e sua independência, e isso acontece dentro das brincadeiras. Quando a criança cria de forma ilusória e imaginária, a brincadeira a faz pensar. É brincando que ela aprende.
Da mesma forma, o desenvolvimento psicomotor é de suma importância para o crescimento infantil. É no engatinhar, correr, rolar, dançar que a criança aprende a ter maior domínio sobre seu corpo, conhecendo-o e entendendo como ele funciona.
É, portanto, fundamental compreender que é através do lúdico que a criança se desenvolve, a partir de conceitos básicos que lhe são apresentados de maneira natural, de forma prazerosa e sem ultrapassar o seu tempo individual. A criança tem esse direito e deve ser criança!