“Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos”. Jó 14:7

“Deus tem Seus propósitos… e eles são maiores que os nossos”. Com certeza, você já deve ter ouvido essa frase inúmeras vezes. E nem sempre é fácil entender ela… e muitas vezes, é menos fácil ainda, concordar com essa ideia, ainda mais quando as circunstâncias da nossa vida não parecem ser favoráveis.

Nesta edição, trazemos um testemunho muito especial, para marcar uma data pouco lembrada: o Dia Internacional das Viúvas, celebrado no dia 23 de junho. A data foi criada em 2021, pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de garantir respeito e preservar os direitos das viúvas em todo o mundo.

Vamos contar um pouco da trajetória de Marieli Krebs Mariani, 29 anos, mãe do Davi (2). A nossa querida entrevistada é cristã, acredita no Deus vivo, na Salvação da vida eterna e que Jesus voltará para buscar a Sua Igreja.

Um testemunho inspirador e que vale a pena ser compartilhado. Leia e seja edificado:

Sonhos interrompidos…

Marieli foi casada durante 4 anos e 7 meses, com uma das pessoas mais maravilhosas que conheceu. “Foi meu primeiro namorado e primeiro marido. Casamos em janeiro de 2014 na Igreja de Deus – Comunidade Emanuel, onde éramos membros ativos. E como todo casal recém-casado, fizemos muitos planos, tínhamos muitos sonhos e um deles era termos filhos. Então, em 2018, resolvemos ter o nosso primeiro filho e dois meses depois descobri que o Senhor nos abençoou e que eu estava esperando nosso tão sonhado primogênito. Os meses foram passando, meu esposo me acompanhava em todas as consultas médicas e nosso bebê crescia saudável. Foram momentos muito especiais, estávamos muito felizes e ansiosos para saber o sexo do bebê e no dia 27 de agosto de 2018 fizemos a ultrassonografia e nos foi revelado pelo médico que esperávamos um menino. Seu nome, Davi, foi escolhido por seu pai. Decidimos que faríamos uma surpresa para a família para revelar o sexo do bebê. No dia 30/08/2018 revelamos para meus pais, irmãs e cunhado e no dia 01/09/2018 revelaríamos para os pais e irmãos do meu esposo. Mas, Deus tinha outros planos”, acredita.

Antes de chegar o momento da revelação, o Senhor chamou seu esposo e o levou para a eternidade. “O Senhor o recolheu na trajetória mais feliz de nossas vidas. Meu esposo teve morte súbita aos 30 anos de idade.  Não tinha nenhum problema de saúde, nenhum histórico de doença na família. Foi algo repentino, que pegou a todos de surpresa e nos levou ao estado de ‘choque’. Fiquei viúva de forma abrupta aos 27 anos, grávida de 5 meses. Toda a família ficou muito abalada”, destaca.

O luto…

Os meses seguintes foram de tristeza profunda. Muitas vezes, Marieli se via num buraco de escuridão de onde pensou jamais conseguir sair. “Tive que enterrar planos, sonhos, a nossa ‘vida’ juntos, e isso foi algo que me feriu muito. No decorrer dos meses antecedentes ao nascimento de Davi, tive que reorganizar minha vida, me desfazer de muitas coisas e providenciar outras. Foi muito difícil. A fase do luto, para falar a verdade, foi a fase mais dolorosa e traumática de toda a minha vida. Porém, foi a fase que mais aprendi. Sempre digo que em um dia de dor aprendemos muito mais do que em dez anos sem termos sofrido nada. Me agarrei em Deus e Ele me revelou coisas profundas e me mostrou um lado da vida e das coisas que eu não enxergava antes”, enfatiza.

Naquele período, apesar de estar sofrendo muito, nunca deixou de confiar em Deus. “Cheguei a questionar a vontade Dele nos momentos mais dolorosos, mas aceitei-a e deixei o Espírito Santo cuidar de mim. Creio que isso fez toda a diferença durante o processo. O tempo foi passando e durante o luto, aprendi que temos que passar por cada fase e que cada pessoa difere de outra no tempo, nas reações e nas formas de expressar a sua dor. Respeitei o meu tempo de luto e cada fase que precisei passar. Creio que não é pecado sofrermos, sentirmos tristeza; Jesus disse que no mundo teríamos aflições (João 16:33), mas creio que não podemos ficar nesse estado para sempre. Chegou uma hora que senti que precisava me reerguer das cinzas, que precisava sair desse estado de tristeza profunda e de amargura e que para isso, precisava tomar uma decisão, uma iniciativa. Não foi fácil, tomar decisões nunca é fácil, mas não as tomar é pior ainda”, destaca.

A decisão de levantar outra vez…

Marieli decidiu lutar contra seus próprios pensamentos e declarar coisas boas sobre sua vida, sua casa, seu filho, sua família. “Decidi começar a agradecer mais pelo que tenho e também pelo que não tenho. A Palavra de Deus diz que Sua vontade é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2), e que Deus tem planos de nos fazer prosperar e não de nos causar danos, planos de nos dar esperança e um futuro (Jeremias 29:11). Mesmo que não conseguimos entender muitas coisas que acontecem em nossas vidas, precisamos confiar na Palavra de Deus que é verdadeira, não são apenas palavras, são promessas de um Deus que nunca deixou e nunca deixará de cumpri-las em nossas vidas. Após eu me permitir ser curada e entender que precisava lutar contra os pensamentos negativos e me desprender de tudo que me prendia ao passado e que estava me fazendo mal, automaticamente tudo começou a ficar mais leve e melhorar. O sentimento de tristeza, solidão, amargura, foram dando lugar à esperança, à paz e à alegria. Toda a dor foi dando lugar à ‘saudade boa’ e a esperança foi renascendo em meu coração. O Espírito Santo tem poder para isso, para transformar nossos sentimentos, trazer paz, aquela paz que ninguém é capaz de entender ou explicar; Ele pode trazer alegria a um coração tomado de tristeza e nos devolver a esperança de um futuro. Tudo isso Ele faz, mas precisamos deixá-Lo trabalhar em nós primeiro, entregar tudo que sentimos a Ele e confiar”, ressalta.

A paz que excede todo entendimento…

Marieli conta que o apoio da família, amigos e de irmãos e pastores da Igreja Emanuel, onde participa, fez toda a diferença nessa trajetória. Deus tem usado muitas pessoas para a abençoar. Nos momentos mais difíceis, em que a solidão e angústia tomavam conta, Ele enviava pessoas para ajudar, para mostrar que não está sozinha. “Muitas vezes, recebi mensagens nas madrugadas em que não conseguia dormir, de pessoas dizendo: ‘Oi Mari, estou orando por você!’ E isso acalenta nosso coração. Saber que existem pessoas que nos amam nos ajuda a seguir em frente. O consolo do Espírito Santo veio de várias maneiras: através da Palavra de Deus, de mensagens, canções, ministrações, abraços. E o mais tremendo de toda essa experiência é vivenciar esse consolo nas horas que parece não existir consolo. É como se, enquanto você chora e ora, Deus pegasse seu coração ferido e com todo amor e cuidado, derramasse Seu bálsamo que alivia, que restaura e que cura. Nessa hora, conseguimos sentir uma paz inexplicável e que também não conseguimos entender como ela é possível.  Acredito que esse sentimento é um pouquinho do que usufruiremos lá no Céu. Essa é a paz que vem de Deus. Ela é eterna e somente Ele pode nos dar”, ressalta.

A chegada de Davi

Marieli conta que Deus deu a ela um filho lindo, alegre, inteligente, obediente e livre de qualquer trauma decorrente de uma gestação difícil. Davi veio com um propósito a mais. Além de trazer alegria e ser bênção como toda criança em toda família, ele veio também com um propósito de participar positivamente no processo da cura da sua alma. “Deus o enviou para que eu pudesse retomar mais depressa a alegria em meu coração e encontrar um sentido a mais para a vida. Sou muito grata a Deus por ter enviado meu filho e por ele ser quem ele é. Com a graça de Deus, hoje tenho a missão de desempenhar o papel de mãe solo e de mostrar para meu filho quão importante foi seu pai e quanto ele o amava em vida, mesmo sem tê-lo conhecido. Tenho a missão de educar e ensinar princípios e valores, principalmente os cristãos, a uma pessoa que está se desenvolvendo, não somente fisicamente, mas em caráter e sabedoria. Deus nos dá capacidade para isso quando pedimos. Creio que se Deus nos coloca em uma determinada situação, Ele também nos dá uma Graça especial para passar por ela. E tudo é uma questão de tempo, tudo nessa vida são fases, fases de um ciclo que se fecha para dar início a outro. As fases desse ciclo podem ser boas ou não tão boas, mas são necessárias para nos moldar, para nos preparar para o novo ciclo que irá começar. Nesse novo ciclo, estaremos mais fortes, com uma ‘casca mais grossa’, mais preparados para aquilo que Deus tem para nós e para as nossas vidas”, ressalta.

A nossa maior esperança…

“Quando pensei que, em mim, não haveria mais vida, sonhos e alegrias, Deus fez nascer tudo novamente. Deus restaura corações, restitui sonhos, devolve a esperança, traz paz e alegria a um coração quebrantado. Hoje sou totalmente diferente da pessoa que era há três anos. Aprendi na dor sobre valores, sobre o que realmente importa nessa vida. Que somos totalmente dependentes de Deus e que tem coisas que só Ele pode fazer, até mesmo aquilo que pensamos ser impossível. A nossa maior esperança está em Jesus Cristo. Ele veio e carregou sobre Si todas as nossas dores, angústias e sofrimentos por amor a nós (Isaías 53:4). E isso para que pudéssemos viver em plenitude e graça aqui na Terra. Mas além disso, para nos dar o presente da Salvação”, acredita.

Ela destaca que há um lugar depois daqui, há uma vida depois desta, essa é nossa maior esperança: viver eternamente com Jesus. “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque estas coisas já se passaram” (Apocalipse 21:4).

Tudo aqui é passageiro, precisamos valorizar e buscar mais aquilo que é eterno. Deus nos dá uma nova chance a cada amanhecer. “Cada dia que acordamos, temos a oportunidade de viver aquilo que Ele já preparou para nós, de vivermos em comunhão com Ele e de fazermos a diferença na vida das pessoas que amamos. Tudo isso não porque merecemos, mas única e exclusivamente pela Graça Dele. E é pela Graça Dele que, um dia, estaremos na eternidade desfrutando de uma vida sem caos, doenças, lutas, dores e sofrimentos. Essa é nossa maior esperança”, finaliza.