Pastora Nádia Cristiane Engler Becker
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB
“Na oração encontro calma,
Na oração encontro paz
Orar a Deus faz bem à alma
Falar com Deus me satisfaz”
É dispensável dizer que a vida anda muito corrida e que a maioria das pessoas se sente profundamente cansada, daquela canseira que não passa mesmo que a gente consiga o feito de dormir durante 8 horas à noite. Cada vez funcionamos mais no modo automático, ou seja, sem pensar no que estamos fazendo, por que estamos fazendo e nas consequências daquilo que fazemos. De acordo com os estudos de neurociência, este modo de funcionamento afeta profundamente o nosso processo da memória, pois ao não prestarmos atenção àquilo que estamos fazendo, o cérebro não registra a informação e nós acabamos “esquecendo” muitas coisas, que vão desde nomes, chaves e compromissos, até, em casos extremos, crianças no carro. Se você faz parte do rol de pessoas que costuma dizer: A minha memória não é mais a mesma, então, preste atenção!
Byung-Chul Han reflete, em seu livro Sociedade do Cansaço, que este cansaço, comum na maioria das pessoas na contemporaneidade, vem pela enorme e constante exposição a estímulos, informações e impulsos que recebemos. Sempre chega uma mensagem no WhatsApp, um vídeo para assistir, uma postagem nova numa rede social que nos chamam a atenção e consomem nosso tempo. Além disso, o autor descreve a sociedade atual como a sociedade do desempenho, na qual a boa performance é a palavra da vez. Aqui as redes sociais também desempenham um papel importante ao nos venderem a ilusão de que precisamos e podemos ser multitarefas, excelentes e competentes em todas as áreas: fazer muitas coisas ao mesmo tempo, com resultados extraordinários em pouquíssimo tempo e ter sucesso profissional, no amor, nas finanças, e ainda malhar, cuidar da saúde e descer lá pra BC no fim do ano. Mas, isto não é a vida real para a maioria das pessoas. Isto faz parte de uma realidade editada e de uma positividade tóxica que alimentam na mente sentimentos de insuficiência, de inferioridade e angústia frente ao que se considera um fracasso. E cada vez mais vemos pessoas, em especial adolescentes e jovens que ainda estão mais suscetíveis a estímulos e aprovação externa, adoecendo a mente e a alma, perdendo o vigor de vida e não vendo mais alegria de viver.
Por isto, esta reflexão é tão urgente! Sair do automático e pensar no que estamos fazendo, por que estamos fazendo e nas consequências de nossas escolhas. Redescobrir a capacidade de “se desligar”, silenciar a mente e a alma em oração e contemplar a vida com toda a sua beleza e como uma dádiva preciosa. Não contemplação como um ficar olhando passivamente para alguma coisa. Não oração como um repetir mecânico de palavras que saem da boca enquanto a mente divaga. Mas, como uma escolha ativa pela concentração da mente em si mesmo, no próximo, na natureza e em Deus, o Autor da Vida, e se reconectar com aquilo que verdadeiramente dá sentido à vida. Um contemplar que nos permita experimentar que Deus não nos fez para performar. Ele nos fez para viver. E vida em abundância!
“…na sua angústia, clamaram ao Senhor, e ele os livrou das suas tribulações.
Fez cessar a tormenta, e as ondas se acalmaram. Então se alegraram
com a calmaria” Salmo 107.28-30