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“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o mais Ele fará” Salmo 37:5
Maio é o Mês das Mães! Cada uma é especial e tem os seus desafios diários. Cada uma na realidade em que vive. E isso, somente cada mãe pode descrever. Mas, independente das circunstâncias, mães são únicas! Mulheres escolhidas por Deus para gerar vida!
Nesta edição especial, trazemos um pouco da história da Fabiane: mãe, que esteve grávida durante a pandemia, trabalhando na área da saúde, muitas vezes, em “meio ao caos”, como descreve.
Neste mês, também comemora-se o Dia Nacional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem (20 de maio). Fica aqui a nossa homenagem e reconhecimento, estendendo-se a todos os profissionais da saúde, tão valentes nos tempos difíceis em que vivemos.
Confira essa reportagem e seja edificado:
Mudança radical!
Fabiane Aline Fenner da Silva (31), é Técnica em Enfermagem, natural de Nova Santa Rosa (PR), sua cidade atual. Casada desde 2009 com Paulo Celso da Silva, Teólogo e Psicanalista, tem dois filhos: Mathias (6) e Catherine (que nasceu em 03/10/2021). “Tenho Deus em minha vida, amo minha família e sou apaixonada pelo meu trabalho e pela missão de salvar vidas, e principalmente pela área de Urgência e Emergência, e dentro dela o atendimento a traumas”, destaca.
Ela conta que, desde criança sempre gostou muito da área de saúde e sonhava em ser veterinária. “Brincava muito com os gatinhos e cachorrinhos de fazer injeção e curativos… era minha brincadeira favorita! Com o passar do tempo, percebi que esse desejo de cuidar ia muito além dos animais. E uma frase que sempre levo comigo é a de Ralph Waldo Emerson: ‘Saber que pelo menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu. Isso é ter tido sucesso’. Esta frase faz todo o sentido para mim, pois não há palavras que descrevam a alegria e satisfação de poder ajudar alguém que está com dificuldades a conseguir respirar mais fácil… uma coisa que muitas vezes nem sequer nos damos conta de que estamos fazendo, mas que sustenta a vida”, explica.
Fabiane cursou Zootecnia pela Unioeste por dois anos, mas em 2009 trancou a faculdade. “Casamos e fomos primeiramente ao Mato Grosso, na cidade de Canarana, onde o Paulo já estava trabalhando como pastor da Igreja e ficamos à frente daquele trabalho por dois anos. Em 2011, fomos transferidos à Vila Pratos, em Novo Machado (RS). E em 2012, iniciei o curso de Técnico em Enfermagem, me formando no final de 2013. Quando em meu estágio conheci a área de urgência e emergência e mais especificamente o SAMU, descobri que ali era o meu lugar. Coloquei como meta de que um dia iria trabalhar no SAMU. Em 2018, minha irmã me enviou o edital do concurso do CONSAMU com vaga para Marechal Cândido Rondon. E após uma conversa como casal, tendo em vista que seriam grandes as mudanças, onde o Paulo teria que se mudar também abrindo mão de várias coisas muito importantes para ele, decidimos que eu iria fazer o concurso e assumir se assim fosse da vontade de Deus. Então iniciei minha preparação, pois além da prova objetiva, o concurso contava com prova prática, onde deveria correr 2km em 15min, o que para alguém sedentária como eu era bastante desafiador. Comecei os treinos físicos e estudos diários, e meu tempo de corrida foi melhorando dia após dia. O Paulo foi essencial em todo esse processo, pois a cada volta do treino ele me questionava: ‘conseguiu fazer em quanto tempo?’, sempre torcendo para que eu conseguisse chegar onde era desejado. E ainda me lembro do dia em que voltei e havia conseguido fazer o percurso no tempo exigido. Ele dizia: ‘você vai passar!’. Os treinos não foram fáceis, pois quem conhece o Rio Grande do Sul, sabe o frio que faz em maio e junho, e correr ao ar livre não foi muito agradável. Primeiro fiz a prova objetiva e para nossa surpresa, passei em primeiro lugar! Dias após, fui convocada para a prova física, conseguindo fazer em 12 minutos o trajeto dos 2km. E assim no resultado final fiquei na 1ª colocação. Naquele momento, nossos corações bateram forte, porque seriam mudanças muito importantes na nossa vida como família. Entretanto, esta é a diferença quando entregamos nossos planos nas mãos de Deus. Entendemos que se tudo assim se fez, é porque foi a vontade Dele. Quatro dias depois, fui convocada, peguei minhas coisas, as coisas do Mathias e vim para o Paraná e o Paulo continuou no Rio Grande do Sul cumprindo seus compromissos como pastor. No início, morei com meus pais, em Nova Santa Rosa, até conseguirmos nosso próprio lugar. Nos víamos a cada mês e foi assim de julho até janeiro, onde nossa família novamente se completou. Tive 15 dias de treinamento e estágio em Cascavel para poder ingressar na Base do SAMU de Marechal Cândido Rondon. Neste treinamento, além do amor que já sentia, minha admiração pelo SAMU aumentou ainda mais, pois o princípio que nos foi ensinado é de muito respeito pelos pacientes que estamos atendendo, porque cada pessoa é o amor da vida de alguém e merece ser tratado da melhor forma possível, sem discriminações”, ressalta.
E a pandemia?
Foram dois anos trabalhando, atendendo muitas pessoas com as mais diversas patologias e adversidades, quando iniciou-se a pandemia. “Que sufoco! Medo, insegurança, protocolos sendo criados às pressas pelos diretores de enfermagem e supervisores, para que os funcionários do CONSAMU pudessem estar protegidos deste vírus que surgiu de forma tão rápida e trazia tanta incerteza. Protocolos nos eram cobrados para que fossem seguidos à risca, ou seja, a cada atendimento suspeito ou confirmado de Covid-19, exigia-se uma grande quantidade de EPI’s (mais precisamente: dois aventais, três pares de luvas, máscara simples ou N95 dependendo do caso, touca e protetor facial) e após cada atendimento suspeito ou confirmado, toda a ambulância era lavada internamente e também cada material utilizado. Isso trazia às equipes uma grande exaustão, pois muitas vezes acontecia de estar terminando uma lavagem e entrar outra ocorrência de Covid-19 para atender. Esse procedimento, por mais cansativo que fosse, sabíamos da importância e o que sempre tínhamos em mente era: ‘e se o próximo atendimento for um familiar meu, ele vai se contaminar?’”, relata.
Fabiane conta que não pegou Covid, mesmo estando em contato direto com a doença em seu cotidiano de trabalho. “Pelo menos até hoje não tive sintomas. Outros colegas contraíram, mas pela graça de Deus, todos com sintomas mais leves, sem precisar de internação. Como o SAMU, quando é chamado para ocorrência, faz o primeiro contato com o paciente, muitas vezes, não temos conhecimento real dos sintomas que o mesmo está apresentando, e apenas após a entrevista nos dávamos conta de que estávamos atendendo alguém com Covid-19 sem paramentação, o que aumentava o medo de ter contraído a doença. Antes da vacinação, foi um tempo muito difícil, pois atendi e levei ao hospital muitas pessoas que nunca mais voltaram aos seus lares, vi pessoas sem conseguir respirar mesmo com oxigênio sendo ofertado, pessoas com exames do pulmão muito comprometidos com pouquíssimas chances de recuperação, mas fazendo planos futuros com uma fé imensa. E o que mais me tocava (por mais ‘duros’ que somos nesta área de trabalho), era ver os familiares se despedindo do paciente quando levávamos ao hospital, pois sabiam que eram grandes as chances de não voltar mais para sua casa. Ver esposo e esposa lado a lado na UTI intubados, e dias depois, um após o outro perdendo a batalha para este vírus tão cruel que nos rodeia. Tantas vezes nos perguntamos até onde iria tudo isso, e sempre clamando a Deus e confiando que Ele, e somente Ele, poderia nos proteger”, ressalta.
Existiram diversas informações, principalmente no início, onde nós mesmos tínhamos várias dúvidas, e as “Fake News” sempre atrapalham bastante. “Víamos algumas pessoas se auto medicando, e outras quando já se fazia necessária a internação hospitalar tomando apenas chás e remédios caseiros tentando uma cura. Pessoas não querendo fazer uso da máscara, pois as notícias eram que as mesmas traziam mais malefícios do que benefícios, e assim nos rodeavam muitas notícias que aumentavam ainda mais o medo da população. Outra coisa que nos deixava apreensivos eram as notícias da falta de insumos para profissionais, porém o cuidado que o CONSAMU tem com seus funcionários é admirável, e em nenhum momento nos faltou máscaras ou luvas, tudo foi muito bem administrado para que pudéssemos atender protegidos”, explica.
Uma gravidez…
E então, em meio ao caos da pandemia, a notícia de que a vida se renova: Fabiane estava grávida! “Foi planejado. E em meio ao medo, foi entregue nas mãos de Deus, que como sempre foi Aquele Pai que nos cuida tão bem. Tínhamos o desejo de ter mais um filho e não sabíamos até quando iria durar a pandemia, e por isso decidimos que se fosse da vontade Dele, tudo daria certo. E deu!”, relembra emocionada.
Fabiane engravidou em janeiro e trabalhou até maio, quando foi afastada devido a gestação, após ser aprovada a Lei. “Como sou realizada no meu trabalho e amo muito o que faço, senti muita falta de trabalhar, foi desafiador trocar uma rotina de trabalho agitada pelos dias em casa. Porém, entendi que foi mais um grande cuidado do Pai do Céu por nós. Pude nos cuidar, descansar e assim concluir a gestação de forma segura e linda. A Catherine nasceu no dia 03/10/2021, às 5:03. Um domingo chuvoso, nasceu com 3,095kg e 50,5cm de parto natural, um desejo que eu tinha e Deus me concedeu a graça. Muito saudável, linda e esfomeada (hahaha). Ela que era tão esperada pela família e principalmente a causa de uma ansiedade enorme do seu irmão Mathias, que chegou a ter um desmaio na escola por esperar que chegássemos em casa logo”, conta.
Tanto Fabiane, quanto o marido, Paulo, foram educados com princípios cristãos e assim estão ensinando seus pequenos. “O Mathias é uma criança incrível (não só porque é meu hahaha) e de uma fé muito grande. Sempre confia seus cuidados a Jesus e é maravilhoso ouvir suas orações pedindo para que Ele cuide dele, que venha limpar o seu coração e sempre morar nele. Queremos o melhor para nossos filhos e sem dúvidas, os caminhos de Deus são a melhor escolha que se pode ter. E uma das coisas que ele mais orou, foi pedindo uma irmã, e seu pedido foi ouvido”, enfatiza.
Amor e família
Ela destaca que sempre esteve rodeada do apoio da família e amigos. “Em todos os momentos. Já cheguei em casa chorando por algo ter me tocado profundamente no trabalho e jamais me faltaram abraços e aconchego do lar. Isso é a maior das bênçãos que Deus me proporcionou. A presença de Deus sempre foi algo real em minha vida. Sempre falo que em cada atendimento eu dou o meu melhor e faço o possível, mas a vontade de Deus prevalece sempre. A vida é Ele quem decide quando chegará ao final e assim entendo quando acontece de não conseguir salvar a vida de alguém. E neste momento da pandemia, entregamos nossas vidas e nossa saúde nas mãos de Deus. Fiz minha parte no cuidado para não contrair o vírus, mas com certeza foi Ele quem protegeu minha saúde e de minha família até aqui. ‘Até aqui o Senhor nos ajudou’. 1Samuel 7:12”, acredita.
Um conselho do Alto…
Diante de ter passado por um momento tão importante de sua vida, com a gestação, em meio aos desafios da pandemia, Fabiane deixa um conselho importante: “Você que está gestante nesse momento de pandemia, faça o que diz o Salmo 37:5: ‘Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o mais Ele fará’. Em minha experiência de vida e trabalho, aprendi que não existe nada que possamos fazer em relação a nossa vida além dos cuidados básicos, pois quem realmente nos cuida e protege é Deus. Apenas confiar. Apenas orar e pedir para que Ele nos sustente e dê o suporte necessário”, finaliza.
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