Por Pastora Ester Delene Wilke
Quantas vezes nos deparamos com adversidades e grandes dificuldades? Há que se buscar na experiência de outras pessoas um ensinamento para a nossa vida. Davi, por exemplo, mesmo sendo alguém tão importante, acabou enfrentando grande aflição. No Salmo 86, ele ora assim: “Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade” (v.11). No todo deste salmo, percebemos o desabafo de alguém que anda atribulado. Faz uma oração que é fruto da adversidade, da perseguição, do cansaço e da presença real da morte.
Os caminhos trilhados pelo ser humano podem trazer profundas decepções consigo mesmo e com os outros. Outrora Davi foi um homem forte e errante, agora quer que Deus lhe ensine o caminho da vida e da verdade. Já basta de andar por seus próprios pés.
Podem, sim, existir muitos caminhos, mas diante da desesperança Davi busca o único caminho viável e seguro: o caminho do Senhor. Nas entrelinhas da oração, transparecem a sua humildade e seu sentimento de impotência. Nos ensina que externar fragilidades diante de Deus é o único caminho de empoderamento verdadeiro para o ser humano. Maravilhoso é saber que diante de Deus não precisamos contar com a justiça própria. A sede de poder é doentia, mas a dependência total de Deus traz cura da alma e do coração. Quando a justiça de Deus nos abraça, podemos conhecer-nos profundamente assumindo nossa humanidade.
A súplica do salmista não é apenas um pedido que traduz a ânsia da preservação da própria vida em face à morte, senão o desejo de vida verdadeira. Mostra-se como alguém que sabe que o ser humano não alcança a salvação por si mesmo. É alguém que tem sede de sentido de vida que procede de Deus.
O princípio da mudança está em Deus e quando o ser humano descobre isso, encontra o caminho da vida. Por nós mesmos, não sabemos confiar em Deus até que o nosso coração comece a ser transformado. Então os mistérios de Deus vão sendo desvelados no caminho da vida, ainda que parcialmente. Podem ser caminhos duros, tortuosos, por vezes, caminhos de calmaria ou ainda podem ser exuberantes e de glória. Deixar-se ensinar por Deus faz toda a diferença, não importa em qual circunstância de vida nos encontramos: boas ou difíceis.
Desde o Antigo Testamento, o ensino relaciona-se com o termo hebraico “Torá”, que significa “lei”, “direção” ou “instrução”. Expressa, portanto, um desejo profundo do salmista por rumo e direção que corresponde a uma nova vida comprometida com Deus.
No Novo Testamento sabemos que a “lei” é caminho do amor de Jesus Cristo: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 14:6). Para conhecermos a Deus e os seus caminhos, procuramos entender a Sua Palavra por meio de Cristo. Descobriremos inevitavelmente que o sentido de nossa vida é servir conforme Aquele que nos instrui. Diante Dele, seremos eternos aprendizes.
Por mais que o ser humano possa contar com uma fé forte e firme, há que buscar com humildade a direção e a instrução em Deus através do conhecimento de Cristo no transcorrer dos seus dias.
