Temos vivido em todo o mundo, um momento chamado de ‘Isolamento social’, em que se limita o contato pessoal com outros indivíduos. Não preciso explicar o porquê destas orientações, pois imagino que já é de conhecimento dos leitores.
Nos relatos bíblicos, também encontramos momentos em que Deus protegeu a família e casa daqueles que buscaram se refugiar em seu lar, como no caso de que “Noé entrou na arca, e com ele seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos” (Gn.7:7). E, quando Deus castigou o Egito com a morte dos primogênitos, contudo nas casas do povo judeu, o sangue do cordeiro aspergido nos batentes das portas serviu como sinal, para que estas famílias fossem protegidas (cf.Ex.12:1-36), este inclusive, foi o momento da instituição da páscoa judaica, simbolizando o sacrifício do Cordeiro de Deus, Jesus, que aconteceria muitos anos depois, derramando Seu sangue por toda a humanidade. Assim, não precisamos mais o sacrifício de animais, pois o derradeiro sacrifício já foi feito, e podemos ter nossas famílias protegidas, clamando pelo poder do sangue de Jesus.
Mas, quero mencionar aqui, outro ‘isolamento’ que acontecia nos tempos bíblicos, por questão de ‘saúde pública’: falo da ‘lepra’ (hoje conhecida como hanseníase), que era muito comum, e na época não possuía tratamento, e a pessoa acometida deste mal ficava distanciada de qualquer contato, numa espécie de ‘quarentena’ na espera de uma cura, que se ocorresse, o sacerdote o declarava limpo (leia Levítico 13 e 14).
Alguns estudiosos do Talmud (leis, ética e costumes do judaísmo), relatam que a distância mínima que alguém podia ficar de um leproso era de 2 metros (alguma semelhança?), e inclusive os leprosos eram colocados fora da cidade. Conforme estes relatos, os ‘limpos’ líderes judaicos quando viam um leproso dentro da cidade, jogavam pedras nele e diziam: “Saia! Não contamine outras pessoas”. Segundo o historiador romano de origem judaica Tito Flavio Giuseppe “o leproso, normalmente, vivia em cavernas ou cabanas e seu sustento era confiado à caridade de parentes, ou a pessoas misericordiosas que traziam comida e roupas para esses lugares, mas sempre permanecendo fisicamente à distância dos infectados” (www.webservos.com.br).
Por outro lado, Jesus percebe que havia algo a mais neste ‘isolamento’, que eram vidas que precisavam de amparo e apoio. Então, Jesus estende a mão ao leproso e lhe purifica, e declara: ‘Fica Limpo’ (Cf.Mc.1:40-44; Lc.5:12-14; Mt.8:1-3). O toque de Jesus não é somente uma cura física, mas principalmente espiritual e social. O isolamento a que estas pessoas eram submetidas lhes privava de uma vida digna. Jesus vê que este ‘isolamento’ proposto na lei mosaica tornou-se, na verdade, ‘exclusão social’.
Em nossos tempos (muito antes de decretos e epidemias), temos visto a ascensão de certos isolamentos sociais, onde ‘cada um vive no seu quadrado’ (ou poderia ser ‘cada um na sua tela’), e ninguém se ‘mete na vida de ninguém’, afinal ‘todos têm seus problemas’. Assim, vemos “o amor se esfriar de muitos” (cf. Mt.24:12b). Então, a questão não é o fato de proteger a saúde de sua família, mas o viver num isolamento social permanente, em que não se consegue olhar para fora, olhar ‘além do umbigo’, sem ver a necessidade do semelhante. Sejamos sinceros consigo mesmos: quantas vezes temos procurado um amigo, vizinho ou familiar, para saber da sua vida? E, realmente, se interessar por suas dificuldades e problemas?Jesus sempre ia (e ainda vai) de encontro aos necessitados e disse que veio como médico para os doentes (cf. Mc.2:17). Como cristãos, precisamos seguir o exemplo de Cristo, não excluindo como os sacerdotes da época, mas dizendo “Vem para o meio” (Mc.3:3 – ARA), como Jesus sempre fazia.
E se você se sente afastado e necessitado, não se isole no seu ‘mundinho’: busque apoio de quem possa lhe apoiar, e saiba que Jesus também continua dizendo: “Vinde a mim…” (cf. Mt.11:28). Cuide de sua saúde, mas não viva em constante isolamento! Busque ter comunhão com os irmãos e com Deus!