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“Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei” Romanos 13:8

Editorial

“Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei” Romanos 13:8

Você já se sentiu indignado por questões financeiras e pela maneira como muitas pessoas lidam e se portam diante do dinheiro? Tem valores a receber e a pessoa não paga, mesmo tendo condições? E como você administra a sua vida financeira?

Um assunto, muitas vezes, tratado até como “tabu” entre os cristãos, é provavelmente uma das principais causas de problemas pessoais e familiares, afinal, o dinheiro faz parte de nossas vidas e a forma como administramos essa área, diz muito sobre nós. “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. Mateus 6:24. Forte, não é mesmo?

Deus quer que tenhamos uma vida ótima aqui nesta Terra, com prosperidade e todas as coisas boas que Ele mesmo criou. Mas, acima de tudo, está Ele!

Fato é que, como cristãos, temos que ser exemplo, inclusive na área financeira. Você já ouviu falar em uma negociação ou contratação por um serviço (ou até já falou), algo do tipo: “se for crente / cristão vai dar problema”!? Infelizmente, alguns cristãos não cumprem a sua palavra e não honram seus compromissos, fazendo com que haja esse pensamento generalista por parte de muitas pessoas.

Pensando nisso, trazemos essa reportagem esclarecedora. Ótima leitura e que Deus te abençoe em todas as áreas da sua vida, inclusive a financeira!

 

Bíblia: o manual para tudo!

O pastor Adailton Wild, da Igreja de Deus Comunidade Emanuel, de Marechal Cândido Rondon, destaca que a Bíblia é nosso manual de instruções para tudo. “Para com nossa educação financeira, também não é diferente! Ali temos princípios de administração, empreendedorismo, investimento, economias, dívidas e contribuição. Temos tido uma atenção especial a esse assunto porque, ao olhar para a realidade financeira dos nossos tempos, nos preocupamos. Dados recentes indicam que a taxa de ‘mortalidade’ dos MEIs em 2021 chegou a 37%! Lógico, vieram fatores sazonais como a pandemia e toda a crise financeira que veio a reboque, mas não é injusto afirmar que muitos empreendedores fecham suas portas por causa da má administração financeira. Isso é muito triste, mais ainda quando percebemos que desprezamos princípios básicos sobre o dinheiro: e que sim, estão escritos na Bíblia, nosso manual de fé e prática”, ressalta.

 

Um só Senhor…

Ele acredita que, infelizmente, para muita gente, o dinheiro tem sido muito mais do que apenas dinheiro: Jesus colocou Mamom, o deus das riquezas, como alguém que poderia ser adorado. Tal como um deus, ele pode gerar segurança; basta perceber como nos sentimos quando recebemos o salário e como nos sentimos quando já estamos com a conta zerada. “Um deus que determina o que ‘posso’ e ‘não posso’: quantos de nós adiamos projetos porque não temos o suficiente, inclusive na questão da contribuição ao Reino de Deus? Lógico que não podemos ser irresponsáveis e irmos pelo coração apenas, mas não podemos sujeitar toda a nossa vida ao deus Mamom, sem passar pelo olhar mais soberano, que é o de nosso Deus, o Dono de todas as coisas, como diz o Salmo 24:1: ‘Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam’”, explica.

O pastor Adailton destaca que na igreja local, tem-se promovido alguns encontros de instrução especializada com pessoas competentes no assunto. “Finalizamos recentemente a primeira turma do curso de Finanças Bíblicas Crown, com alunos que testemunharam que conseguiram administrar melhor suas finanças, de modo a sair das dívidas e conseguindo, inclusive, guardar dinheiro: isso com princípios bíblicos, simples, aplicados à vida diária. Temos um projeto também de ensinar nossas crianças a lidarem com dinheiro, pois no meio de uma geração que quer as coisas pra ontem, as lições de economizar e poupar não podem ser desprezadas, lições que inclusive são reproduzidas no Culto para Empreendedores, pois além de termos fé para sobrevivermos no mundo dos negócios no Brasil, planejamento e ações pensadas também são imprescindíveis para tal. É do interesse de Deus que sejamos saudáveis financeiramente! Que sejamos libertos das dívidas, que por sinal, muitas vezes contraímos de forma irresponsável. O mais importante não é fazer o mais difícil, mas se fizermos só o básico, e este bem feito, estamos a salvo. Gastar menos do que se ganha: simples assim. Deu uma data para pagamento, honre a data. Se houverem imprevistos no acerto, se justifique antecipadamente e tente renegociar. São coisas simples, mas que deixamos passar, e que acabam manchando o nosso nome, e também o nome de quem representamos, o de Cristo”, enfatiza.

 

Administrar com sabedoria

Quantos projetos abençoadores não evoluem por falta de dinheiro? “Na realidade, nossa relação com o dinheiro é uma questão central de discipulado, e sim, é um assunto negligenciado na igreja de forma geral. Uns cometem abusos, outros cometem omissão, mas é necessário resgatar o ensino bíblico e equilibrado sobre o dinheiro nos nossos púlpitos, até porque, do Gênesis ao Apocalipse, existem mais de duas mil citações sobre o assunto e seus desdobramentos. Não é difícil encontrar cristãos que concordem sobre como devem ser gratos pelas bênçãos que Deus dá, e a ampla maioria acha que deve sim, ser generoso com a riqueza material para ajudar os outros, mas o mais difícil é aplicar esses conceitos na vida real. Por exemplo, o que um cristão deste século deve pensar ao comprar uma casa? O quanto ela precisa ser sofisticada, sem trair os princípios de gratidão e generosidade que ele sabe que deve cumprir? Certamente, são decisões difíceis, porque envolvem muitos fatores: fé, sem dúvida, mas o desejo de sustentar a família e garantir a segurança dos filhos, por exemplo – e essa habilidade de decidir corretamente, administrar com sabedoria e planejar sua vida financeira interfere diretamente na mentalidade equilibrada da doação ao Reino de Deus; nem deve ser feita no ‘impulso do coração’, nem dar do que se resta. Afinal, o quanto do recurso que tenho em mãos, se administrado de forma sábia, pode ajudar a diminuir a desigualdade social à minha volta? São questões a serem consideradas”, destaca Adaiton.

O pastor acrescenta que, pessoalmente, crê que Deus conta com a igreja para ser relevante na cidade onde está plantada. “Nossos recursos podem e devem ser aplicados para a extensão do Reino de Deus, a excelência no culto a Deus, mas também cremos que somos parte fundamental para amenizar as dores e injustiças sociais à nossa volta. Nos alegramos por termos nas nossas dependências alguns Projetos Sociais sendo executados, com doações da própria comunidade local, e também de empresas parceiras que tem aportado recursos para auxiliar crianças através do esporte, cultura e do ensino da Palavra de Deus: Aprove Música, Aprove Jiu-jitsu e Aprove Bicicross, meios que encontramos para ser essa ponte entre pessoas que podem auxiliar mais e pessoas que precisam desse auxílio. É o dinheiro encontrando propósito nos nossos dias! Sim, o dinheiro que antes poderia ser utilizado para a prostituição e vícios, se transformar em uma poderosa ferramenta que pode libertar pessoas, salvar vidas e abençoar famílias inteiras”, finaliza.

 

“Precisa ter equilíbrio”

Eduardo Berndt é administrador por formação, Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS), Especialista em Negociação (PUC-PR), Especialista em Gestão de Empresas (Falurb) e Especialista em Educação Financeira (Instituto EFinc). Atua como administrador e professor, inclusive com treinamentos corporativos há mais de 12 anos. Também é diretor de SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) junto à Acimacar (Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon).

Eduardo destaca que a área das finanças pessoais é uma das grandes áreas da vida que precisa ter equilíbrio, não menos importante que a emocional, espiritual ou física. “Ocorre que, com facilidade, dividimos estas áreas e as isolamos. Mas isso não é possível, afinal cada uma delas, de forma bem sutil, é ligada à outra. Zelar pelo bem estar das finanças é tão importante quanto um exercício, uma oração ou um momento em família. Mas incrível, dentro de casa, sempre que o assunto ‘dinheiro’ vem à pauta, gera conflito, e isso faz com que não compartilhemos as situações financeiras às claras, de certa forma, gera-se um tabu… se dá conflito… não se fala disso! Isso é um erro”, acredita.

Ele explica que, para evitar o endividamento, a primeira dica é: crie uma reserva de emergência. “Como o nome já afirma, é uma reserva para EMERGÊNCIA! Todos estamos cientes que elas ocorrem e geralmente estão nas emergências nossas justificativas do endividamento. Então o que podemos fazer é planejar estes imprevistos. Parte da sua renda precisa se tornar uma reserva para estes imprevistos; comece com o que é possível: 5%, 10% da sua renda, até você ter um valor que você comece a se sentir tranquilo. O ideal é que você construa uma reserva de aproximadamente 6 meses de renda sua, assim, diante de um contratempo, você tem seis meses de necessidades supridas para se ajustar e em seguida já pense em investimentos.  Já se você é um consumidor endividado, inadimplente com seus compromissos financeiros, a primeira dica é: pare de fazer dívidas! E a segunda: foque no pagamento de todas as dívidas que contraiu. Em seguida, crie sua reserva de emergência e pense em investimentos para gerar maior tranquilidade em seu futuro”, ressalta.

 

Inadimplentes

Eduardo explica que não podemos negar que vivemos instabilidades econômicas, ainda mais recentemente potencializadas pela pandemia do Covid. “Isso abalou muito a economia da população e trouxe o número de inadimplentes para acima dos 65 milhões de brasileiros, um número preocupante e que não tem sinal de ser amenizado a curto prazo.  Ao se tratar do brasileiro adulto, esse número ultrapassa 45% da população. No entanto, é necessário pontuar que apesar desse número nacional ser alarmante, temos em nossa região uma situação privilegiada, digo isso porque nosso comércio é bem estruturado e nossas indústrias são fortemente vinculadas ao agronegócio. Costumo dizer que em momentos de crise econômica nacional, nós sentimos por último e saímos primeiro. Isso é um privilégio para nossa cidade e população, pois nossa economia pode até desacelerar um pouco, mas nada impactante como nas grandes regiões industriais, onde há a crise econômica e no outro dia, 10 mil desempregados. Basta olhar as vagas disponíveis de emprego junto ao SINE: sempre há vagas de trabalho em aberto. Raros são os momentos do inverso. Viver em uma região assim é com certeza um grande privilégio”, enfatiza.

 

Você tem projetos?

Ele aponta que nosso problema nas finanças pessoais é olhar para a vida do outro e só ver o “jardim florido”, aí olhamos para o nosso e vemos as “ervas daninhas”, no entanto, sempre vai ter um jardim mais bonito que o seu, mas você só consegue deixar seu “jardim” bonito se parar de olhar para o do outro. “Minha vida financeira não foi simples, até hoje pautamos em cuidados para que consigamos realizar nossos sonhos e cumprir nossas responsabilidades. Sou filho de agricultor, ia de bicicleta na aula, na estrada de chão, vendi refrigerante nos finais de semana, trabalhei na cata de algodão e arranque de mandioca, como diarista. Me formei apenas aos 27 anos na graduação. Apesar de nunca ter tudo o que queria, eu não tinha projetos. Minha vida financeira mudou a partir do momento em que eu e minha esposa identificamos projetos em comum. Costumo dizer que dinheiro na mão sem projeto, vai embora! E é verdade… creio que todos conhecem algum amigo que já recebeu um dinheiro inesperado e quando menos percebeu, não estava mais ali disponível. Duas dicas importantes que me alimentaram na minha mudança de comportamento diante do dinheiro: identificar projetos pessoais que necessitam de minha energia para concretizá-los e parar de olhar a vida do outro. A primeira dica te dá foco, e a segunda tira sua ansiedade, pois a partir do momento que você só olha para a sua situação e para onde quer chegar, você consegue medir realmente seu sucesso nessa direção: ser hoje um pouco melhor do que foi ontem”, destaca.

 

E as promoções?

Perguntado sobre como devemos agir diante das promoções e ofertas que nos são apresentadas, Eduardo explica que precisamos entender como consumidores que ofertas são excelentes momentos para economizar, no entanto, também são estratégias de venda por parte das empresas. “Cada uma em seu papel, a empresa necessita vender, mas o consumidor precisa saber qual é o momento correto de comprar. Esquece-se que a inadimplência é fruto deste ato impensado do consumidor. Logo, é preciso evitar o impulso, a motivação da compra pelo desejo. Sempre digo: viu um produto muito legal… desejou? Vá pra casa dizendo: amanhã eu volto e compro este item. Parece bobeira, mas você está fugindo da impulsividade do consumo e esteja certo de que haverá maior coerência no dia de amanhã quanto a essa compra caso consiga fazer o que propus aqui”, ressalta.

 

E para quem está começando a “vida” financeira?

Segundo Eduardo, a melhor dica é a seguinte: planeje seu futuro. “A expectativa de longevidade está cada vez se ampliando e ao que tudo indica, você vai viver muito! Pensar na expectativa de vida precisa ser algo elaborado no presente. Ocorre que na juventude, pouco se pensa nisso. Pensar em reservar parte da renda para investimento, para projetos futuros, para a independência financeira, é indispensável para lá na frente, daqui a algumas décadas, ter uma tranquilidade que possa ser convertida em qualidade de vida. Não importa quanto você consegue guardar ou reservar para investimentos a longo prazo, mas guarde. O importante agora é desenvolver o hábito de pensar no futuro, pode ser 5% da renda, ou 10%… agora isso é o que menos importa, mas guarde. Em seguida, identifique seus projetos (qualquer um: um valor de dinheiro investido, uma viagem, uma faculdade, um imóvel…), que são capazes de te mover; encontrando algo que te move, esse percentual vai ser aumentado, pois fará sentido investir”, explica.

 

E quem está esperando receber?

Há o lado dos “devedores”, mas também de quem está esperando receber: como esses devem lidar com quem está devendo? Eduardo explica que crédito é uma relação de confiança, por isso passa-se pelo que chamamos de análise de crédito, um momento de verificar as condições do consumidor e buscar confiança nessas informações. No entanto, imprevistos podem ocorrer, e eventualmente algum compromisso financeiro pode não vir a ser cumprido, e sem que exista a má vontade de pagar. “Diante disso, a renegociação da dívida é o indicado, minha dica sempre é para que o consumidor busque a empresa onde possui a dívida e renegocie, explique sua situação de não cumprimento do acordo e busque uma melhor forma de quitação; estou certo de que a empresa se esforçará em também resolver o problema. A maior dificuldade é que o consumidor, de certa forma, se sente constrangido com a dívida em aberto e evita procurar ou até mesmo falar com o credor, e isso dificulta a negociação. A empresa claro que precisa procurar o devedor, afinal, ali existe um acordo de consumo em que ela fez a sua parte entregando o produto e foi lesada, pois não teve a devolutiva do pagamento do mesmo. Mas quando a empresa liga é para resolver o problema, não para condenar o consumidor. Esse paradigma precisa ser quebrado por parte do consumidor. Acesso a crédito é uma excelente ferramenta de consumo para o cliente e uma excelente forma de venda para o empresário, se ambos forem honestos nessas conversas, ambos ficam mais seguros”, ressalta.

 

Como o cristão deve se portar?

Como cristão, Eduardo deixa um conselho: “Parece cruel o que vou dizer, mas muitas vezes colocamos Deus para resolver a situação financeira que nós sozinhos criamos diante de inúmeras decisões erradas. Claro que não podemos generalizar tudo: há necessidades, imprevistos, doenças, problemas que simplesmente nos impactam e que não tivemos condições alguma de prever ou de evitar. Mas no geral, temos muita culpa nessa área. Compramos o que queremos e não o que podemos, vemos alguém com algo interessante e no outro dia, compramos um igual. Esse comportamento é errado. Jamais direi ‘não compre’, pelo contrário, digo que a vida se torna mais agradável quando conseguimos realizar também desejos e vontades de consumo; no entanto, para que isso não se torne problema no futuro, nossos desejos devem passar pelo crivo do planejamento. Na prática: primeiro planeje a aquisição, depois compre! Por fim, a Palavra de Deus diz: ‘Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus’. Romanos 8:28. Então, se você ama a Deus, Ele está a seu favor.  “Deus deu a cada um dons de fazer determinadas coisas”. Romanos 12: 6 seguintes, logo descubra suas habilidades e as treine, acredite: tem algo muito especial que só você consegue e poderá fazer, e isso lhe será bênção, então: Deus te capacita. Só sobre um terço de todo o serviço, esse é seu trabalho, focar no que é preciso e no que é capaz de te levar para um outro nível. Se observarmos, Deus, em toda a história bíblica, se esforça para que possamos viver bem na terra, no entanto, inúmeras vezes esse um terço que nos cabe, é onde nos atrapalhamos. Força, fé e foco. Na frase anterior, consta tudo o que precisamos: garra (força), Deus (fé) e projetos (foco)”, finaliza.

Editorial
Kelli Cristina Scherer e Leomar André Thiel - Diretores da Revista Paz

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