“Brilhar não é sobre si, é sobre iluminar caminhos para os outros”
Daniele dos Reis Amaral Ferreira, mais conhecida como Dani Amaral (31), é natural de Açaí (PR), e atualmente mora em Aapuã (PR). É filha de Antonio e Maria e esposa do Raí, há 10 anos. Em uma entrevista exclusiva para a Revista Paz, a empreendedora e palestrante conta um pouco da sua trajetória de vida e como tem transformado milhares de pessoas por meio de palestras (já fez mais de mil) e das mídias sociais. Leia e seja edificado com esse lindo testemunho de fé e superação!
O acidente
Dani tinha quatro anos e estava brincando no pátio do sítio da família. Seu pai pediu para que ficasse onde ele pudesse vê-la, mas ela se distanciou… e começou a brincar de colocar a mão no cardan do trator que o pai usava para trabalhar (ela lembra muito bem desse dia). “Aí a minha blusa enroscou no cardan e eu fui tentar tirar com a outra mão, mas a força do equipamento me puxou e arrancou os meus dois braços. Depois disso, lembro de alguns flashes, como a imagem da minha avó correndo em minha direção para me enrolar num lençol e me levar pro hospital. Quando chegamos no hospital mais próximo, em Londrina (a 70 km de onde aconteceu o acidente), fui direto pra uma cirurgia muito delicada e os médicos falaram que eu só sobrevivi porque fui enrolada num lençol, pois a chance de sobreviver devido à grande perda de sangue era muito pequena. Fiquei 11 dias em coma, passei por várias cirurgias e foi um total de 50 dias de internamento (a previsão dos médicos era de 90 dias) e o que me marcou muito nisso tudo foi que, quando recebi alta, o médico disse que só consegui sair antes do hospital porque eu tinha muita vontade de viver. Mesmo com todas as dificuldades e dores, sempre fui uma menina muito sorridente e otimista”, relembra.
Uma nova realidade
A partir daí, uma nova vida foi construída. Dani conta que, como cresceu de maneira “diferente”, ela foi se adaptando à nova realidade naturalmente. “Aprendi a escrever, a comer, a fazer tudo com os pés. E à medida que fui crescendo, tive a necessidade de apreender novas habilidades, como cozinhar, arrumar o cabelo, me maquiar… e fui me adaptando. O mais difícil não foi o meu olhar sobre mim, mas sim o olhar das outras pessoas sobre mim. Muitos quando veem uma pessoa com deficiência, veem só a deficiência e não a pessoa em si e a capacidade que ela tem”, relata.
Dani conta que nunca se sentiu rejeitada ou alvo de bullying, nem na época da escola, porque sempre soube lidar com a sua situação. “A minha mãe sempre me ensinou muito a lidar com isso. Ela falava que a minha deficiência era apenas uma característica física que eu tinha e eu não deveria me sentir inferior ou superior às demais crianças por causa disso. E levei essa verdade pra minha vida”, destaca.
Uma decisão
Dani conta que entendeu que só tem uma vida e ela podia escolher o que fazer com ela: encarar da melhor forma ou passar a vida toda reclamando de algo que aconteceu e que não era sua responsabilidade, que não tinha como mudar tal realidade. “É lógico que teve um período que eu questionava sobre o motivo disso ter acontecido comigo, principalmente na adolescência… questionava a Deus, tinha medo, insegurança. Achava que teria uma vida muito limitada. Mas, resolvi me posicionar e ver o lado bom de tudo. Sempre gostei muito de ensinar, me formei em Ciências Contábeis e achava que minha vocação era ser professora. Durante a faculdade, dava muitas aulas particulares… depois fiz pós-graduação tinha a intenção de fazer mestrado. Mas comecei a ministrar treinamentos dentro do supermercado em que eu trabalhava. E quando comecei, percebi uma oportunidade de negócio. Saí do mercado pra trabalhar por conta! Algo que poderia agregar o conhecimento que eu tinha com minha história de vida. Isso me deixou bem animada pra trabalhar nessa área! Em 2018, comecei a gravar vídeos, para chegar a mais pessoas, as que não tivessem a oportunidade de ir em minhas palestrar e aí tive um grande boom de crescimento na minha carreira”, ressalta.
Hoje, Dani considera que vive uma vida normal, dentro das suas limitações. “Entendo que todo mundo tem limitações! Podem ser físicas, ou de aprendizado, ou de timidez… cada pessoa tem seus desafios”, destaca.
Uma conquista importante
Dani aprendeu a fazer tudo com os pés… e com uma habilidade e agilidade admirável e impressionante! Uma de suas grandes conquistas foi tirar a sua carteira de motorista! “Sempre foi uma vontade muito grande minha. Mas enfrentei muitas barreiras porque as pessoas enxergavam que eu não tinha capacidade, mesmo eu mostrando a minha capacidade. Porém, resolvi enfrentar: fui muito segura e passei por todas as burocracias, perícias, etc e consegui tirar a minha Carteira Nacional de Habilitação! É uma das minhas maiores conquistas, principalmente por ser um ato de independência muito grande pra mim”, destaca.
Qual o seu propósito de vida?
“Ajudar as pessoas a se transformarem, fazer com que entendam que mesmo não tendo o controle do que acontece ao nosso redor, temos o controle de como reagir com os acontecimentos, do que fazer com aquilo que acontece. É esse controle que determina os nossos resultados e não as nossas condições”, acredita.
Deus tem cuidado de você?
“Com certeza. Muitas pessoas falam que acreditam que Deus tinha um propósito para que eu sofresse esse acidente, mas eu não acredito que Deus gostaria que eu sofresse esse acidente! Acredito que temos o livre arbítrio e esse acidente foi ocasionado por conta de uma decisão de uma criança e Deus permitiu que eu sobrevivesse porque Ele acreditava que eu poderia tirar de tudo isso uma lição e ajudar outras pessoas através do que aconteceu comigo. Hoje vivo o propósito do Senhor tanto palestrando, quando na internet, mostrando para as pessoas que que temos esse poder gigantesco dentro da gente”, ressalta.
Uma linda novidade!
Dani está esperando o seu primeiro filho, o Fernando, previsto para nascer no mês de setembro. “Foi uma coisa que foi surgindo aos poucos no meu coração; por muitos anos, a maternidade era algo que eu temia muito, mas eu também tinha vontade e quando a gente decidiu, sabia que seria uma responsabilidade muito grande, mas fomos sempre entregando tudo nas mãos de Deus e pedindo que Ele nos conduzisse. Estamos gerando o nosso primeiro filho com uma alegria muito grande! Sabemos que será um desafio, mas com muita dedicação e força de vontade, assim como tudo o que fizemos na nossa vida, vamos criar e educar o nosso menino com muito amor e fé”, enfatiza.
E para o futuro?
Com o nascimento do bebê se aproximando, Dani pretende continuar trabalhando on-line e reduzir as viagens para realizar as palestras. “Tenho em meu coração o desejo de ajudar principalmente quem tem vontade de palestrar”, explica.
Ela comenta que sempre lembra e acredita no versículo de Filipenses 4:13: “Tudo posso naquele que me fortalece”. “Mesmo que a gente pense que não é capaz, quando temos medo, quando nos sentimos inseguros, temos que lembrar que podemos tudo em Deus, que Ele nos dá capacidade, nos dá força para seguir em frente mesmo em meio a tantas dificuldades e é essa mensagem que quero deixar para os leitores da Revista Paz! Não importa de onde você veio, não importa sua idade, não importa onde você vive, nem importa o que aconteceu com você. O que importa é o que você decide sobre o que quer para sua vida, e o que vai fazer para conquistar isso. Eu senti na pele, já muito cedo, que a vida prega peças. Mas ao longo da minha jornada, pude aprender que limites são autoimpostos, e que, ou nós optamos por romper barreiras, ou optamos por passar a única vida que temos de maneira medíocre e frágil. Eu decidi ir além! E você também pode tomar essa decisão”, finaliza.
