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A montanha de Jó

Por pastor Anilton Oliveira da Silva

“Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus” Jó 19:25-26

 

Não há como falar de problemas sem se lembrar de Jó, o grande Jó. Na verdade, nominar de problema a situação pela qual ele passou é minimizar a realidade. Geralmente nos referimos à situação vivida por ele como sofrimento. Não pretendo entrar em detalhes sobre o sofrimento enfrentado por esse personagem da Bíblia; antes, me proponho a oferecer uma perspectiva de como ele lidou com a situação, e o papel das palavras nesse processo.

Jó foi um homem que, no princípio, soube usar bem as palavras. Assim que perdeu tudo, ele as usou bem: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor (1:21). Poucos de nós faríamos tamanha declaração. Suas palavras e, mais ainda, suas ações, mostram que ele não era um materialista. Sua família estava em primeiro lugar, e ele só abriu a boca ao receber a notícia da morte de seus filhos; para Jó sua família vinha antes de seus bens.

Após as palavras proferidas por Jó, a Bíblia conclui: Em tudo isto Jó não pecou (1:22). Seria muito fácil murmurar nesse momento, mas ele não o fez. Mesmo ao ficar doente ele ainda cuidou de suas palavras; sua própria esposa, entretanto, não teve a mesma atitude: Então, sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre (2:9). Jó não aceitou o conselho de sua esposa; pelo contrário, ele a repreendeu e declarou: Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? (2:10). A Bíblia, mais uma vez, esclarece: Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios (2:10).

O que me chama muito a atenção é o fato de a Bíblia dizer que Jó não pecou com os seus lábios; provavelmente ele pecou com sua mente. Porém, alguns podem argumentar que, para Deus, pecar com os lábios ou com a mente é a mesma coisa. Jó pode ter pensado em falar coisas horríveis; porém, ele lutou com sua mente e não permitiu que seus pensamentos se transformassem em palavras. Ele não foi hipócrita, mas lutou interiormente. Se contivéssemos as palavras agressivas quando irados, evitaríamos muitos problemas.

Todos concordamos que esse patriarca foi um grande homem; todavia nunca devemos achar que ele não pecou. Afinal, só houve um Homem que não pecou – o Nosso Senhor Jesus. Jó pecou e seu pecado começou quando ele abriu a sua boca: Depois disto, passou Jó a falar e amaldiçoou o seu dia natalício (3:1). Não quero que o leitor pense que estou julgando Jó; eu entendo a situação dele. Entretanto, não podemos chamar o pecado de não pecado. Ao amaldiçoar o dia de seu nascimento, ele está voltando-se contra o próprio Deus que o criou. Todavia, mesmo aqui ele cuida de suas palavras e não acusa a Deus diretamente, apenas indiretamente. Isso não torna certa a sua atitude, contudo mostra preocupação em não denegrir a Deus. Ele sentia necessidade de desabafar, mas não desejava agir contra Deus, embora, mesmo que indiretamente, tenha-O acusado.

Deus fala em meio aos problemas e traz solução. Quantos problemas teríamos resolvido mais rápido se nos calássemos e apensas ouvíssemos a voz de Deus! Deus pode falar de muitas maneiras, por isso precisamos estar atentos. Pode ser por meio de um amigo verdadeiro, ou até mesmo aquela voz no fundo do coração, dizendo: Não faça isto! Para escalarmos nossa montanha e chegarmos ao topo, precisamos estar sempre vigilantes. Diante de qualquer problema o mais importante não é falar, mas, sim, ouvir a voz de Deus. Esse é o caminho mais rápido para remover a sua montanha.

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