Por Carlos Kracke – Diretor do Colégio Luterano Rui Barbosa
Como é bom ganhar medalhas, não é mesmo? E encontrá-las depois, é melhor ainda. Mexendo nas minhas gavetas, encontrei a medalha que ganhei por ter participado da Corrida de São Silvestre, na cidade de São Paulo. Lembrei-me de algo muito especial que vivenciei durante a corrida: quando faltavam dois quilômetros para completar a prova, estávamos iniciando a famosa subida da Brigadeiro, trajeto íngreme que faz muitos corredores desistirem da corrida, muitos sobem a mesma caminhando. E como eu estava bastante cansado e vendo muitos pararem sua corrida, fiquei procurando motivos para tentar subir um pouco mais. E de repente, vi algo que me deixou empolgado.
Olhei para o lado e vi um senhor correndo e empurrando uma cadeira de rodas, na qual estava um jovem com algumas deficiências físicas. Aquele senhor, já bem cansado, corria por ele e pelo seu filho. E a cada metro percorrido, a dupla recebia os aplausos e incentivo das centenas de pessoas que estavam ali assistindo o esforço de todos. Quando me deparei com esta inspiradora imagem, percebi que eu ainda tinha fôlego e força para seguir. Foi quando acelerei meu passo e agora correndo ao lado do senhor da cadeira de rodas, perguntei qual o nome do jovem. O senhor disse: “Binho, o nome dele é Binho”.
E diante desta informação, consegui esquecer um pouco meu cansaço e fui correndo ao lado da cadeira de rodas gritando: “O nome dele é Binho”! E para a alegria do pai, minha, dos demais corredores, das pessoas que assistiam e especialmente do Binho, ouvimos muitas pessoas aplaudindo e gritando: “Valeu, Binho!” “Vamos lá Binho!”, “Obrigado, Binho!”, “Força, Binho!”. E nosso inspirador Binho, abria um largo sorriso e acenava com suas debilitadas mãos. E este sorriso era tão contagiante que nos levou Brigadeiro acima. E quando me dei conta, já era hora de entrar na Avenida Paulista para correr os últimos metros até a linha de chegada. Que cena maravilhosa, que imagem inspiradora, que lembrança gostosa.
Como é bom correr em grupo, especialmente quando o cansaço da vida enfraquece nosso corpo e extirpa nossas forças e nosso preparo. Em grupo, conseguimos olhar para aqueles que correm com a gente, e suas fraquezas e limitações podem servir de estímulo para continuarmos correndo. Em grupo, percebemos que, às vezes, precisamos correr por eles. Em grupo, percebemos que ainda temos muita energia para gastar, especialmente porque esquecemos as nossas fraquezas e olhamos para as necessidades dos outros.
Foi por isso que Jesus formou a Igreja Cristã, foi por isso que Jesus Cristo morreu por todos. Foi por isso que Jesus nos uniu e nos capacitou para corrermos todos em grupo. Só assim percebemos que a beleza da corrida não é a chegada apenas, mas sim, o percurso, pois nele encontramos várias pessoas que precisam de apoio e incentivo para continuarem na corrida. Em suas orações diga: “o nome dele é Binho!”. E assim, levados pela torcida e pelas orações, cada corredor chegará feliz ao final dizendo: Por causa do ‘empurrão’ de Cristo Jesus, somos mais que vencedores (Rm 8).