Na semana passada, entrei em contato com a editora desta revista e avisei que o meu artigo iria atrasar, pois estava vivendo um período muito turbulento em minha vida e não consegui me desvencilhar dos problemas para sentar e escrever.
Ela me orientou a ficar em paz, e sugeriu: talvez já tenha um tema para escrever, então.
A ideia foi ótima, a não ser pelo fato de que o artigo, naquele momento, estava sendo mais um dos problemas a serem resolvidos.
Você já se deu conta de como os problemas são mal educados? Um problema nunca tem paciência de esperar o problema anterior ser resolvido para acontecer. Ele não bate na porta, perguntando se é um bom momento para aparecer. Não liga pra ver se a agenda já está lotada.
Se os problemas fossem pessoas, imagino que seriam crianças na frente da cantina, logo após soar o sinal do recreio. Ou então, corretores da bolsa de valores, cada um gritando mais alto que o outro, correndo de um lado pro outro e se empurrando, aguardando atenção.
O interessante é que o que dá origem ao caos que fiz você imaginar são coisas muito simples. Apenas um sinal sonoro avisando que há intervalo entre uma aula e outra causa um alvoroço e uma gritaria gigantesca. Apenas uma decisão do presidente de um país pode valorizar ou desvalorizar moedas e causar consequências gigantescas ao redor do globo.
Isso me faz lembrar o Efeito Borboleta, expressão utilizada na Teoria do Caos. O meteorologista estadunidense Edward Lorenz introduziu no seu computador dados como temperatura, umidade, pressão e direção do vento para verificar a previsão do tempo. Em seguida, ele introduziu novamente os mesmos dados, diminuindo apenas algumas casas decimais e, para sua surpresa, a segunda previsão do tempo foi completamente diferente da primeira. No princípio, as duas previsões eram parecidas, mas, à medida que o modelo avançava no tempo, as diferenças entre os dois resultados se tornavam cada vez maiores. Para Lorenz, isso equivalia a dizer que o vento que causa o bater de asas de uma borboleta no Brasil pode ocasionar um tornado no Texas, nos Estados Unidos.
Assim nascia a teoria do caos com seu efeito borboleta, indicando que variações muito pequenas podem parecer insignificantes, mas gerarão enormes mudanças ao longo do tempo, provocando uma sensação de caos.
Quando lutamos tentando resolver nossos problemas, temos que ter isso em mente. Não adianta tomarmos morfina quando sentimos dor sem nunca procurar a origem dessa dor. Jesus disse, em Mt. 15:19, que é “do coração que procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias”.
A turbulência, quando chega, gera atitudes, decisões e mudanças de pensamento. Ninguém quer passar por uma turbulência novamente, e isso exige que encontremos a causa dela e busquemos reparar o que está errado, para que não volte a acontecer.
Em algum momento, por alguma razão, uma palavra ou atitude pode ter dado origem ao vento que hoje se tornou um tornado em tua vida. A origem pode estar lá, escondidinha, no fundo do seu coração e você nem se lembra dela, porque não passava do bater de asas de uma borboleta.
Te convido a pedir que o Senhor te esclareça e te ajude. Só Ele conhece as profundezas do teu ser e pode trazer à memória o que você precisa para resolver o teu caos e voltar o teu coração à calmaria.