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“Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” 1 Coríntios 15:55-57

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“Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” 1 Coríntios 15:55-57

Estamos nos aproximando de uma data em que muitas pessoas se entristecem e nem sempre compreendem o assunto: 02 de novembro, Dia de Finados. Para quem crê no Senhor, o entendimento muda de perspectiva, pois Ele promete vida eterna para todo aquele que Nele crer.

Para essa edição especial da Revista Paz, trazemos uma reportagem falando desse tema, com palavras abençoadoras e do coração do Senhor para a sua vida. Seja edificado:

 

Morte: medo ou esperança?

De acordo com o Pastor Rafael Mosak Krüger, da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Nova Santa Rosa, a morte é uma realidade presente no mundo dos vivos. E nada pode ser feito para mudar isso. Exatamente por esse motivo, é um assunto que não pode ser ignorado. Cada vez é mais difícil se falar sobre esse assunto, porque a cultura contemporânea evita pensar e refletir sobre a morte, tornando-a um assunto delicado. “Durante a Idade Média, a morte estava presente em todos os lugares: haviam guerras, não existiam recursos médicos e a peste negra se espalhou por toda a Europa. Não era raro ver cadáveres nas ruas. Muitas obras de arte do período retratavam a assustadora realidade da morte. Era um assunto inevitável. A modernidade encontrou formas de esconder e enfeitar a morte, pois se antes ela acontecia de forma natural, no convívio familiar, agora ela acontece no leito hospitalar, muitas vezes, longe do alcance dos olhos da família. Logo, refletir a respeito da morte se tornou um tabu”, acredita.

O pastor explica que, com o surgimento dos meios de comunicação em massa, as notícias trágicas começaram a ir mais longe. Mortes se transformaram em números e estatísticas. Mas a morte individual é ignorada, esquecida. “Em meio a uma pandemia mundial causada por um vírus invisível, mas mortal, somos mais uma vez confrontados com nossa mortalidade. Muitos reagem entrando em negação – afinal, ‘não vai acontecer comigo’ – outros sucumbem ao pânico; poucos conseguem manter uma postura racional. Afinal de contas, existe algo mais irracional do que enfrentar a morte? Mas qual a postura que Deus espera de nós, cristãos? Em 1519, o reformador Martinho Lutero escreveu ‘Um Sermão sobre a Preparação para a Morte’, onde ele trata dessa questão de forma pastoral. Os principais conselhos de Lutero são: decidir o destino dos bens materiais para que, após a morte, eles não sejam motivo de rixa entre os parentes; e a preparação espiritual, ou seja, perdoar e desejar o perdão de todas as pessoas”, destaca.

 

Uma realidade presente…

A pessoa cristã deve voltar-se para Deus, e reconhecer que a morte é o caminho que leva a Ele. Segundo Lutero, o ser humano deve ter a imagem da morte diante de si durante a sua vida, para que na hora da morte ele tenha apenas vida, graça e Salvação diante de si. Ou seja, a pessoa que crê na Salvação por meio de Jesus Cristo deve resolver-se com a morte enquanto tem vida, para que no seu leito de morte possa manter os olhos fixos na Salvação e na vida eterna. “O Prof. Dr. Euler Renato Westphal, afirma que um dos principais sinais de que uma sociedade está se afastando da fé cristã é a forma como ela se relaciona com a morte. A fé cristã está firmada na promessa de Cristo de ressurreição e vida eterna. A própria ética cristã está baseada nessa realidade. Mas a sociedade (que se baseia na prosperidade, conforto e bens materiais como valores), não busca a vida eterna, mas o esquecimento da morte. Buscam viver aqui na terra como se fossem eternos e colocam a esperança em bens materiais ao invés de na eternidade. Por isso, a morte é maquiada, enfeitada e escondida. Ao invés de se preparar para a morte, cria-se medo dela. O ser humano busca esquecer a morte ao construir o paraíso aqui mesmo na terra. Nessa busca, criam-se técnicas na medicina para enganar a morte. A reflexão sobre a morte é deixada para mais tarde, quando ela aparentar estar mais perto”, ressalta.

O pastor Rafael destaca que, porém, a morte continua sendo uma realidade presente e concreta nesse mundo. Somos lembrados disso quando vemos alguém partir. Somos confrontados por esta realidade. Lembrar da morte nessa situação leva ao desespero, pois ela representa o fim absoluto da existência. “A forma como vemos a morte determina a forma como vivemos a vida. Tentar ignorar a morte traz sérios problemas, principalmente quando a ilusão é desmanchada. Conforme Westphal, a esperança cristã liberta dos falsos paraísos construídos por mãos humanas, ou como disse Lutero, Deus nos permite organizar a vida para nos prepararmos para a morte. Somos libertos de falsas esperanças colocadas, muitas vezes, sobre coisas passageiras, para podemos firmar nossas esperanças em Cristo”, enfatiza.

 

Vida eterna

O pastor Rafael explica que, a partir de Cristo, a morte é uma realidade vencida. Ela não precisa mais ser sinônimo de desespero, mas pode ser vista com sobriedade, afinal, como disse o Apóstolo Paulo: “‘Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?’ O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Coríntios 15:55-57). “Os verdadeiros cristãos olham para a morte como um inimigo derrotado por Jesus. A morte não nos separa de Deus. Pelo contrário, ela é usada por Deus para nos aproximar Dele. Pois por meio dela, somos conduzidos à morada celestial, preparada por Cristo, onde viveremos eternamente com Deus. Por isso, somos convidados a viver nossos dias de vida com alegria e gratidão a Deus, pois não estamos presos neste mundo, mas temos algo incrivelmente melhor esperando por nós na eternidade”, finaliza.

 

Duas pessoas muito especiais…

Conversamos com Cherli Hort Quadros que, no ano passado, teve que enfrentar a perda de duas pessoas muito próximas e queridas: seu marido, Anderson Quadros, no dia 30 de maio e seu pai, o pastor Mario Hort, em 09 de outubro de 2019.

Mãe de dois filhos, Rebecca e Leonardo, em meio a tanto sofrimento, Cherli destaca a importância da fé, sendo que Deus cuida dos Seus e sabe de todas as coisas, mesmo que não entendamos. “Estou em paz, certa de que os propósitos do Senhor são maiores. Creio que meu marido e meu pai desfrutam de um lugar maravilhoso e enquanto isso, preciso estar firme aqui, batalhando para alcançar a mesma vitória, cantando, tocando e adorando o nosso Deus, a Quem sempre servimos”, destaca.

Poucos dias após o falecimento de seu pai, nem cinco meses após a partida do seu marido, Cherli relatou um pouco do que sentia, em uma publicação em uma rede social: “O que dizer? O que pensar? O que dizer de tudo que tenho vivido até agora? Questionar Deus? Não! Olhar para trás apenas e ver como Ele esteve e está presente nas nossas vidas! Deus é bom o tempo todo! Meu Deus! O Senhor tomou para si os dois grandes homens da minha vida. Poderia eu me revoltar? Poderia questionar por quê o Senhor levou meu esposo, tão jovem e que amava te servir? Depois de tão poucos meses, leva meu pai? Um servo fiel, que amava levar o Teu Evangelho ao redor do mundo!??? Nestes últimos meses, tenho vivido tantas experiências! Dores! Choro! Tristeza! Desafios…”, destacou.

 

Lembranças…

Cherli conta que, quando adolescente, tocou em muitos casamentos, evangelismos, junto de seu pai, trabalhou com ele no estúdio de gravações da Ecos da Liberdade, em Marechal Cândido Rondon, fazendo as músicas que precisava para os programas de rádio; viajou para alguns países acompanhando ao piano, mas também, tocou em muitos funerais. “Sim, em muitos funerais, onde não havia ninguém disponível para tocar em cultos fúnebres, lá estava eu, sempre pronta para servir. De repente, em menos de cinco meses, toco no funeral de meu esposo, onde meu pai ainda compareceu e tinha até desejado que fosse ele no lugar do genro. Lembro-me que disse a ele que precisava dele ao meu lado naquele momento difícil. Mas o plano do Senhor já estava traçado. Ambos, meu esposo e meu pai, foram homens que amavam servir a Deus, de jeitos diferentes, mas que como sogro e genro, se entendiam, pois nos últimos anos Anderson foi um grande ouvinte de meu pai, digo, escutava por horas tudo que meu pai sentia, desabafos e também alegrias. No dia em que recebi a notícia da morte de meu pai, havia justo entrado em casa após uma caminhada no condomínio onde estava clamando pela vida deles, pedindo que Deus restaurasse a saúde de meus pais… e ao chegar em casa, recebo ligação de minha mãe que tentava falar comigo e leio sua mensagem dizendo: ‘Cherli, o pai se foi, ele morreu!’ Sentei-me e chorei, não podia acreditar”, relembra emocionada.

Prontamente, seu cunhado decidiu a trazer de Curitiba (onde morava) até Marechal, mesmo trajeto que seu pai havia feito há poucos dias para entregar literatura e que também foi especialmente para orar com ela. “Fiquei pensando que tudo isso não poderia ser real… de repente, meu pai não estaria mais lá e eu indo para vê-lo pela última vez, mas desta vez, não mais para falar, ou orar, e sim para a despedida! O funeral de meu pai… enquanto a viagem acontecia, fiquei pensando na grande vitória que meu pai alcançou. Tanto que sofreu ao longo de sua vida, Deus em sua infinita bondade lhe presenteou com uma morte muito linda. Simplesmente adormeceu em sua cama para acordar na eternidade junto de Deus! Eu agradeci tanto ao Senhor, pois não poderia ser uma morte melhor. Digamos que, de alguma forma, Deus me preparou para este momento, pois eu sabia que meu pai estava agora muito melhor, livre de suas insuportáveis dores, que quem convivia sabe muito bem quão difícil era para ele. Mas ele lutou, e combateu o bom combate, guardou a fé! Eu realmente estava orgulhosa do pai que ele foi, da história que ele escreveu e do legado que deixou. Dizer que é fácil tudo isso? Não, claro que não é fácil perder alguém tão especial! Mas para nós que cremos no que está por vir, é com certeza motivo de alegria, de vitória, de paz. Eu digo a todos que perdi os dois grandes homens da minha vida, e que agora preciso prosseguir a minha vida, sem meu esposo, sem meu pai, mas com a força que Deus, somente Deus, pode dar. Seguirei firme, lutando e plantando para um dia deixar um legado a meus filhos”, declara.

 

Deus é soberano…

Cherli explica que se sente feliz por ver a linda história que ambos escreveram e deixaram para todos. “Questionar a Deus? Não! Ele é soberano! Ele já tinha determinado os dias do meu marido e do meu pai aqui na terra e ponto final. Nossos dias já estão determinados por Ele para cada um de nós, apenas não sabemos o dia, nem a hora. Portanto, vejo como Deus foi bom conosco. Nem meu marido, nem meu pai, sofreram. Descansam felizes nos braços do Pai Eterno. Tenho muito orgulho de ter tido um esposo maravilhoso e um pai tão presente e tão temente a Deus. Tudo que sou, aprendi com meus pais… agora sigo em frente. Tem dias em que não consigo acreditar que não estão mais conosco. Deus e Seus planos. Não podemos entender tudo, mas podemos apenas crer que fez o melhor e que a missão deles já terminou”, relata.

Acima de tudo, Cherli diz que decide agradecer a Deus por cuidar de cada detalhe e especialmente, nas horas em que pensa que está sozinha, o Senhor envia Seus anjos para cuidar dela, para lhe dar uma palavra de incentivo, para lhe dizer que vai vencer e que oram por ela. “Sou grata porque tenho sentido que meus filhos têm tido consolo do Senhor. Muitas vezes, me sinto muito impotente, mas Deus me torna forte quando fraca sou. Vamos buscar a Deus! Vamos escolher andar em retidão! Não desista nunca! Jamais desistirei, pois como uma canção que estou lembrando agora diz: ‘O Senhor é quem te guarda, guardará de todo mal, tua entrada e saída, desde agora até o final’”, finaliza.

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