Recentemente, recebi a visitinha de uma bebê muito querida, a Cecília, no meu local de trabalho. Com ela no colo, passei por debaixo de uns banners que pendiam do teto e ela caiu na gargalhada quando bati a mão em um deles. Comecei a brincar com os banners, e ela gargalhava gostosamente.
Durante a festa do município (ExpoRondon), eu também estava com um bebê no colo, o João, e ele passou meia hora entretido com o meu crachá, olhando de um lado, depois de outro, amassando e voltando a desamassar. Vez ou outra, mostrava o crachá para mim, sorrindo, como se quisesse dizer: olha, tia Carla, que legal!
Também arranquei gargalhadas de dois sobrinhos, que corriam uns dez metros longe de mim, só pra voltar e, ao serem “pegos”, ganharem cócegas na barriga para, então, começar tudo novamente.
Outro sobrinho, tempos atrás, ao ouvir o som do ventilador sendo ligado, corria imediatamente e ficava a admirar as hélices girando, encantado com aquele movimento. Ligar o ventilador também servia para aqueles momentos em que precisávamos acalmá-lo, para parar de chorar ou para dormir.
O meu filho, quando pequenininho, ficava contemplando as formigas fazendo filas, encantado com as “amigas”, como ele as chamava. E ficava especialmente entretido quando uma delas subia nos seus dedinhos gorduchos.
Lembro-me de uma ocasião em que ele, no meu colo, já com uns três anos, se emocionou com uma musiquinha que dizia: “Tchau, amiguinho, eu já vou embora; Deus te abençoe. Até qualquer hora”. Chorando copiosamente, ele me pedia: Mãe… (soluço)… coloca… (soluço)…de novo!
Todas estas lembranças que tenho convivendo com crianças, me fazem pensar: há quanto tempo perdemos isso, querida irmã? Onde se perdeu a nossa capacidade de deslumbramento diante das coisas mais simples? Será que nossos olhos se tornaram opacos? Será que nossas emoções foram anestesiadas? Onde está o sorriso fácil, a gargalhada solta? Por que não nos surpreendemos mais tão facilmente?
Tudo continua igual; as músicas, os banners, os crachás, as brincadeiras, os ventiladores, as formigas… mas nós não conseguimos enxergar o que as crianças enxergam.
Será mesmo que perdemos algum “poder especial” de compreender as coisas, quando chegamos à vida adulta? Tenho certeza que sim. Jesus, no texto de Mateus 11, diz: “Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos”.
Deus usou as crianças, várias vezes, como mensageiros e modelos — especialmente quando os adultos pareciam ter se corrompido demais e se tornado surdos para ouvir ou responder.
Amo crianças. Elas me ensinam sempre. Cada vez que tenho oportunidade de conviver com uma criança, levo uma lição para casa.
Que Deus nos dê o discernimento para sermos grandes como uma criança, que nos faça perceber a dádiva que é conviver com uma criança, este ser especial, que tem algo que não temos mais, que entende coisas que não entendemos e que é o nosso modelo para entrar no reino dos céus. “Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará nele”. Mc. 10:15.