Tive a oportunidade, alguns dias atrás, de cuidar de dois sobrinhos durante um feriado prolongado, para que minha irmã pudesse viajar com o esposo.
Enquanto eu tentava fazer o mais novo dormir após o almoço, a mais velha, de cinco anos, entrou no quarto e deitou entre nós dois. A cena que se seguiu vai ficar gravada para sempre, pois a filmei com a melhor máquina que já existiu – meu coração.
Aquele menino de dois anos sentou na cama e ficou olhando para sua irmã com tanto amor, que tive a impressão de ver coraçõezinhos saindo de seus olhos, como nos desenhos animados. Não bastasse, com um sorriso nos lábios, começou a acariciar o seu rosto e encostar sua bochecha contra a bochecha dela. Erguia-se, contemplava o rosto dela mais um pouco, e a abraçava. Ela sorria de volta e dizia: “Ólivi, você é o meu ‘quilidinho’”.
Foi uma demonstração de carinho e cumplicidade tão grande, que chegou a me doer o coração ao pensar que meu filho não pôde ter isso: amor de irmão.
Nas horas seguintes, compartilhei com várias pessoas a cena incrível que eu tinha presenciado.
Um dia depois, no culto, lemos a passagem bíblica de Atos 2:44-47: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. […] E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”.
O amor dos cristãos da igreja primitiva era tão grande, que eles “caíam na graça de todo o povo”. A sociedade da época estava encantada com o modo como eles se relacionavam, assim como eu fiquei encantada pelo amor dos meus sobrinhos um pelo outro. E era esse encantamento pelo testemunho dos cristãos que acrescentava, dia a dia, novos convertidos à igreja.
E a igreja atual, na tua opinião, tem encantado a sociedade? O teu testemunho como irmã na fé tem encantado a tua comunidade e as pessoas que convivem contigo?
Jesus disse: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns com os outros”. João 13:35. Também disse, em Mateus 22:37-39: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Você, querida leitora, estaria disposta a banhar, escovar os dentes, pentear, vestir e dar de comer a outra irmã na fé, pelo resto da tua vida? Se isto te parece muito difícil, você não está sabendo amá-la como a ti mesma. Tudo que fazemos – em favor do nosso próprio corpo ou coração – temos que estar dispostas a fazer pelo próximo, segundo o mandamento de Jesus.
Poxa, como estamos longe do amor perfeito, não é? Como estamos distantes de viver o amor vivido pelos cristãos da igreja primitiva.
Que busquemos, de todo o coração, viver este amor fraternal, sem motivos e sem limites, sem cobranças e sem recompensas, até que o mundo possa dizer: “Veja como eles se amam”!