Estávamos só nós dois. Eu estava prestes a pronunciar palavras decisivas sobre nós. Caminhávamos à beira de um braço do mar. Ouvíamos o som do vento e das águas agitadas. Ao longo da caminhada, minha mente ensaiava o discurso. Qual seria o melhor tom de voz? Como começo a frase? Vou logo ao ponto ou faço suspense?
Hoje me pergunto: como o coração humano consegue aguentar batidas tão fortes?
A verdade é que naquele dia estávamos decidindo nossa história.
Subimos num trapiche sobre a água e ficamos frente a frente. Respirei fundo e perguntei a minha namorada: – “Você quer casar comigo?” Ela suspirou calmamente e sorrindo respondeu que sim.
Passamos mais alguns minutos ali, confirmando nosso amor com olhares e beijos.
Depois que saímos daquele trapiche, começamos a planejar o casamento que já estava decidido em nossos corações.
Ainda não estávamos casados, não havíamos confirmado a promessa diante do altar do Senhor, mas já havíamos dado a nossa palavra. Meu pai sempre me alertava para não brincar com o coração de uma moça. Eu estava ciente de que havia aberto o coração dela e preenchido com sonhos. Hoje, temos três filhas meninas que imaginam um futuro “príncipe encantado”; eu sei bem o tamanho do sonho que coloquei na alma da minha jovem namorada.
Se aquele trapiche falasse, ele seria uma testemunha das nossas palavras e beijos.
Há poucos dias, completamos 16 anos de casados; não nos esquecemos do trapiche. Seguimos vivendo o sonho daquele dia. Tivemos momentos de alegria, choro, opiniões diferentes e reconciliações, mas em momento algum abandonamos nossa promessa.
Você tem um trapiche como testemunha? Lembra quando tudo começou? Quão longe estão daquele “lugar”?
Não, os trapiches não falam, mas Deus fala. Ele pode até usar este breve texto para lembrar a muitos das promessas feitas no passado. Volte aonde tudo começou, torne vivo os sonhos da promessa.