É difícil aprendê-la na escola ou em qualquer outro modelo tradicional de aprendizado, embora pertença a uma classe das habilidades mais importantes de nossas vidas. Todos nós aprendemos, no entanto, existem poucas pessoas que a ensinam conscientemente. A tendência de negativarmos nossa comunicação vai muito além dos VÍCIOS DE LINGUAGEM, é uma questão cultural.
Logo cedo aprendemos a dizer a palavra NÃO pelo simples fato de ouvirmos isso repetidamente em casa, nas escolas, nas ruas, etc. Aprendemos a verbalizar o que NÃO queremos fazer, sentir ou ouvir, mas dificilmente expressamos de forma POSITIVA o que verdadeiramente queremos. Sem sequer perceber, nos deparamos constantemente verbalizando frases como: “Não quero me atrasar”; “não esqueça o guarda-chuva”; “Não grite nos corredores”; “Não fale com a boca cheia” ao invés de simplesmente comunicar positivamente dizendo: “Quero chegar no horário”, “lembre-se de levar o guarda-chuva”; “Fale baixo nos corredores”; “Mastigue tudo antes de falar”.
A grande questão da ausência de comunicação POSITIVA que quero tratar neste artigo, é o reflexo negativo que ocorre nos nossos relacionamentos interpessoais (pessoais e profissionais), que estão diretamente ligados à nossa necessidade mais primitiva: A COMUNICAÇÃO. O “NÃO” gera uma barreira invisível entre as pessoas, uma espécie de bloqueio, o que naturalmente prejudica consideravelmente a nossa capacidade de gerar “rapport”, empatia, admiração e tantas outras características poderosas para o desenvolvimento humano.
1. O que você diz você pode executar?
A regra número um – se você diz algo, você deve ter certeza que você pode executar o que está sendo dito. Caso contrário, a comunicação verbal não pode ser realizada. Se você ouvir: “Esqueça o número 4”, você não será capaz de executar isso porque o processo de esquecimento não é possível. Este comando faz exatamente o efeito oposto – uma pessoa se lembra do que é suposto ser esquecido e, em consequência, reforça a informação que deve ser removida. A situação é semelhante quando se trata de pais conversando com seus filhos: “Seja bom” (ou qualquer outro adjetivo). O verbo “ser” não é factível, porque é impossível “não ser”. As crianças não entendem isso e ficam confusas, deixando os pais confusos também. Tente apontar o que você realmente quer dizer e tenha certeza de que é possível fazer isso, a fim de obter resultados físicos.
2. O que você diz é expresso precisamente?
“Seja bom”, “Comporte-se”, “Motive-se”. Você sabe o que isso significa? Não, pois essa comunicação é privada de precisão e por isso é possível interpretá-la de muitas maneiras diferentes. Como resultado, esse tipo de comunicação te traz qualquer resultado completamente diferente do esperado. Em vez de “seja bom”, diga à criança exatamente o que você quer, por exemplo: “coloque o brinquedo na prateleira com outros brinquedos”. Em vez de “comporte-se”, diga “Por favor, fale mais baixo”. Não exija “motive-se”, porque é impossível entendê-lo. Tente sugerir para o outro para ficar em pé, falar alto e falar sobre uma situação em que ele sente entusiasmo/feliz. O que você diz deve ser expresso com precisão – esta é a regra número dois.
3. O que você diz é expresso positivamente?
Você está oferecendo algo para beber a alguém, então você oferece uma xícara de café. A resposta é “não, obrigado”. Então você oferece um chá. Novamente você ouve um “não, obrigado”. Suco de laranja? “Não”. Quanto tempo você precisa para ficar irritado? A negação em si é reativa – refere-se à realidade que já existe sem a criação de um futuro construtivo, deixando o interlocutor sem a possibilidade de resolver o problema. Particularmente, isso tem as suas consequências para as crianças que ouvem o que não fazer, pois assim elas não serão capazes de desenvolver atitude pró-ativa na busca de soluções. Além disso, o cérebro não reconhece negações – a sugestão de que você não deve pensar em um elefante rosa termina em fracasso, porque o cérebro processa o que você ouve (apesar da negação). Da próxima vez, se alguém lhe disser “Eu não quero me apegar a você, mas…”, isso significa, obviamente, que ele ou ela quer ser como um carrapato em sua vida. Ao invés de dizer ao empregado “Não fale com o cliente desta forma”, explique como exatamente você quer que ele fale com essa pessoa. Esta é a regra número três – o que você diz deve ser expresso de forma positiva.
4. O que você diz é uma mensagem para o outro ou para você mesmo?
“Entenda isso”, “Ouça o que estou dizendo”, “Sinta o que…”. O outro lado não é capaz de compreendê-lo como você deseja ser compreendido, porque isso só pode ser feito por você. Ninguém pode ser responsável pelos processos mentais e emocionais da outra pessoa, porque é sempre você quem decide em última instância o que você sente e pensa (independentemente do fato de que o interlocutor seja um estímulo). O outro lado também não pode saber o que você quer dizer e você não pode ser sentido como você deseja. No entanto, ele pode entender você em sua própria maneira, como ele imagina, sente e interpreta, isto é, de acordo com filtros cognitivos próprios. Se você compreender a si mesmo, você sabe que tipo de mensagem você deseja entregar e assim será possível entregar a mensagem para o outro lado. A regra número quatro é lembrar que você tem que tomar a responsabilidade para si e dá-la a outras pessoas.
Continuaremos falando sobre esse assunto na próxima edição da Revista Paz – não perca!