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Ser feminina ou feminista?
Estamos em uma época de comemoração ao Dia Internacional da Mulher e muito se fala sobre todos os direitos conquistados por elas, por meio de intensa luta e união. A própria criação da data se remete a isso: no dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque, fizeram uma grande greve, ocupando o local para reivindicar melhores condições de trabalho e tratamento digno. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas na fábrica, que foi incendiada. Cerca de 130 tecelãs morreram carbonizadas. Assim, o 8 de março é lembrado mundialmente como uma data de valorização das mulheres, criadas e amadas por Deus.
Mas, no decorrer do tempo, percebe-se que alguns conceitos acabaram sendo distorcidos do que o Senhor estabeleceu. E nesta reportagem, trazemos uma reflexão importante a respeito… leia e seja edificado!
Homem e mulher os criou
O homem e a mulher foram criados um para o outro. Deus os criou para que ajudassem um ao outro. Ele os criou iguais em dignidade, mas complementares enquanto masculino e feminino. Dessa maneira, Carla Schumann Nogueira, nossa colunista do “Letra de Mulher”, inicia a sua participação nesta reportagem. Ela destaca que homens e mulheres são biologicamente diferentes entre si e assumem comportamentos diferentes influenciados por esta biologia. O corpo masculino é maior na parte do tronco e também possui maior massa muscular, portanto, é muito mais preparado para carregar peso ou fazer força. O corpo feminino é mais curvilíneo e com realce na região do quadril, o que favorece a reprodução humana. A presença dos seios deduz que a nutrição é tarefa da mulher. “Vemos claramente, desde a antiguidade que, pela vantagem biológica do homem em termos de força muscular, o seu papel na família era de liderar/orientar, prover e proteger. Era o homem que saía à caça e providenciava o sustento para sua família. Por outro lado, a mulher tem mais recursos no processamento emocional do que os homens, e o seu corpo foi biologicamente preparado para gerar vida e nutrir. Por isso, era ela, desde o princípio, quem educava e alimentava os filhos. Pela necessidade de se manter próxima aos filhos pequenos, ocupava-se de plantar ervas e temperos próximo à casa e a preparar a carne dos animais que seu marido trazia. O seu papel era de educar, nutrir e fortalecer os laços familiares. Eles se complementavam, de acordo com as suas características e atributos. Porém, em algum momento, alguém se rebelou contra este modelo estabelecido. A mulher desejou o lugar do homem e resolveu ocupá-lo. No entanto, quem passou a cumprir com o papel que antes era da mulher? Tenho pra mim que o declínio da sociedade vem justamente desta lacuna deixada pela mulher. Temos pessoas que se alimentam mal, que não sabem se relacionar e que perderam a própria noção de identidade. E, em muitos casos, quando a mulher entende sua responsabilidade, mas o homem não compreende que não está provendo como deveria, ela passa a cumprir dupla jornada.
Não estou dizendo que a mulher não deve trabalhar fora. A mulher pode trabalhar fora de casa, tanto que já há registros disso muito antes de surgir qualquer movimento feminista. O trabalho feminino não é uma conquista deste movimento, como se propaga”, destaca.
Carla ressalta que a mulher virtuosa, de Eclesiastes 31, era comerciante. Comprava, tecia e vendia. Examinava e comprava propriedades. Vestia-se de seda e de púrpura. “Em nenhum dos versículos que a descrevem, consigo imaginar que aquela mulher se sentia oprimida. Seus filhos e seu marido a louvavam. No entanto, o que ela não deixou de fazer, mesmo trabalhando além dos afazeres domésticos, foi estar atenta ao andamento de sua casa, preparar alimento para os seus e fazer o bem ao seu marido. Portanto, a mulher pode, sim, trabalhar fora. Mas a pergunta que fica é: Ela PRECISA trabalhar fora? A resposta a esta pergunta depende de uma série de fatores e da organização da própria família. Se a mulher precisa trabalhar fora porque o casal optou por um padrão de vida mais confortável, ou porque o marido realmente não consegue trazer o sustento necessário, é justo que as tarefas domésticas também sejam divididas. Se a mulher está ajudando a prover, o homem pode ajudar a manter o ambiente do lar organizado e limpo. Mas, independente da colaboração do marido ou da falta dela, o que realmente importa é que a mulher esteja ciente de que precisa ser o termômetro que mantém a família unida, bem nutrida e edificada. Não é à toa que Salomão diz que ‘a mulher sábia edifica a sua casa’. Numa casa em que a mulher está equilibrada emocionalmente e feliz com a sua condição, todos os membros da família estarão em harmonia também”, acredita.
“A metodologia do Senhor”
Carla comenta que, quem a conheceu na adolescência e juventude pode estar pensando: “olha quem fala”. “Eu sempre defendi que a mulher não tinha obrigação de fazer trabalhos domésticos e que tinha que estar em pé de igualdade no mercado de trabalho. No entanto, comecei a perceber que aquilo que é chamado de ‘direito conquistado’, nem sempre é realmente um direito. Passei a me sentir oprimida por ser cobrada de forma igualitária, mesmo não tendo condições biológicas de competir igualitariamente com os homens. William Powers disse que ‘quando um povo adota um ponto de vista em massa, interrompe-se todo o pensamento crítico’. Então, não significa que tenho que fazer tudo o que um homem faz só porque todo mundo está dizendo isso. Inclusive, como já dizia minha mãe, eu não sou todo mundo. Por isso, busquei recuperar a minha identidade de filha do Rei. Quando passei a sentir e conhecer o verdadeiro propósito do Senhor para a minha vida, fui confrontada com a Palavra e resolvi testar a metodologia do Senhor para a minha família. Posso dizer que após alinharmos os nossos papéis em casa tivemos resultados tão positivos que me levaram a acreditar, mais uma vez, que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. A família, no formato que Ele criou, com papéis determinados para cada sexo, dá muito certo. Desde que passei por esta experiência, busco ser uma mulher moderna à moda antiga. Trabalho fora, mas não ‘como o pão da preguiça’ com relação ao meu lar. Por meio do curso ‘Experiência do Lar’, criado por Devi Titus (in memorian), oriento mulheres a buscarem uma intimidade maior com Deus, para redescobrirem o seu papel como mulheres de Deus e, assim, trazerem dignidade e santidade para os seus lares. Recomendo que você também, minha irmã, experimente ser a mulher que Deus criou você para ser. Leia atentamente o texto de I Pedro 3.1-7. Você pode ganhar o seu marido para Cristo sem palavra alguma, sem resmungos, sem reclamações, sem sermões e sem brigas; apenas adotando o comportamento esperado por Deus para uma mulher que se diz Dele.
E a você, homem, que está lendo essa reportagem, recomendo buscar no Senhor a força para amar a sua esposa assim como Cristo amou a igreja (Ef. 5.25), entregando a sua própria vida por ela. Ser submissa a um homem assim não é um fardo nem vergonha. É um privilégio”, finaliza.
A mulher feminista e a mulher feminina
A pastora Leide Mari Santos Leandro Vorpagel destaca quais são os pontos relevantes e a diferença entre a mulher feminista e a mulher feminina: a feminista vive conforme os padrões seculares, focados atualmente no empoderamento da mulher; a feminina busca conhecer e viver os princípios bíblicos para tornar-se a mulher ideal, virtuosa e sábia, que edifica o seu lar. “A trajetória do feminismo foi liderada pela inglesa Mary Wollstonecraft (1759-1797), escritora e filósofa. Em 1792, por sua obra de maior importância ‘reivindicação dos direitos da mulher’, recebeu o título de fundadora do feminismo. Por outro lado, a palavra feminista foi usada pela primeira vez em 1837, pelo francês Charles Fourier, filósofo e escritor socialista, que deu origem ao movimento feminista. No Brasil, em 1832 tivemos Nísia Floresta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto (1810-1885), educadora, escritora e poetisa, que foi considerada a pioneira do feminismo em nosso país. Lembramos ainda de Berta Lutz, que em 1919 fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, a qual lutava pelo voto e pela condição da mulher trabalhar fora, sem autorização do marido. O feminismo levou a mulher a buscar o autoconhecimento, a autoconfiança e a autogestão. Sobre o empoderamento da mulher: não podemos ignorar que nos anos 60, nos Estados Unidos, surgiu o empoderamento da mulher dentro do movimento hippie, que tinha como lema ‘paz e amor’. Seu foco era destacar a força da mulher lutando por igualdade de gênero e de oportunidades em todas as esferas da sociedade. Já sobre a mulher feminina: estudando a Palavra de Deus, fica evidente que o nosso Criador estabeleceu três instituições humanas no mundo: o casamento e a família (Gênesis 2:18 a 25); o governo (Romanos 13:1 a 7); e a igreja (Atos cap.2) e destas, a mais importante é a família, criada no Jardim do Éden: um homem, chamado Adão casado com uma mulher, chamada Eva. E podemos afirmar que se a base, que é a família, estiver bem estruturada, as demais serão bem sucedidas. O propósito de Deus e o que Ele busca é a mulher feminina, pois esta depois de aceitar Jesus como seu único e suficiente Salvador, torna-se Sua filha amada e assim fará a diferença aonde vive. Ela não terá dificuldade de ser submissa ao seu esposo, lembrando que submissão não é opressão ou nulidade: sub pode ser considerado como o óleo que lubrifica as engrenagens do casamento e missão, a mulher de Deus sabe da sua missão, ser auxiliadora, ajudadora do seu esposo, assim edificando o seu lar”, acredita.
A pastora Leide destaca ainda que por honrar a Deus, a mulher honra seu esposo como o cabeça do lar e dele recebe amor, sua maior necessidade, reconhecendo que ele é seu sacerdote, aquele que é o protetor, o provedor e o que dá o propósito para a família. Em provérbios 31:10, entendemos o papel da mulher sábia e virtuosa, quem a encontrar será muito abençoado, pois seu valor muito excede o de finas joias. Ela tem caráter, que é mais valioso que os rubis; ela não teme o trabalho, é generosa e facilita o trabalho de seu esposo; ela encara o futuro com segurança; ensina a sabedoria com eficácia; supervisiona o assuntos do seu lar; ela ainda é elogiada e como seu segredo é temer ao Senhor, sua vida é um testemunho para quem a conhece. Exemplos bíblicos de mulheres relevantes: Ester que foi coluna para sua família e seu povo, além de Ana, Debora, Maria, mãe de Jesus e as mulheres envolvidas no ministério terreno de Jesus. “Nossa direção é que ignoremos os padrões seculares e busquemos os conselhos sábios da Palavra de Deus, assim estaremos seguras de uma colheita maravilhosa. Não sozinhas, mas com a ajuda de Deus, nosso Pai Criador, Jesus, o nosso Salvador e o Espírito Santo, nosso consolador. Tendo em mente que a maior necessidade da mulher feminina é ser amada e que a maior necessidade do seu esposo é ser respeitado. Mesmo cientes que na atualidade e devido à necessidades as mulheres atuam nas várias esferas da nossa sociedade, nada contra, porém não podemos deixar o propósito de Deus, sendo femininas, jamais pendendo para o lado das feministas. Sugestão de leitura: livro de Ester, Provérbios 31:10-31 e Efésios 5:22-33”, finaliza.
As diferenças…
Que homens e mulheres têm processos psíquicos diferentes não é novidade pra ninguém. A forma de sentir, pensar e agir é totalmente diferente e isso não é à toa, toda a nossa organização biológica humana é responsável por isso. De acordo com a psicóloga Camila Zimmer de Souza Beuter, a estrutura neurológica e hormonal do homem e da mulher são totalmente diferentes. O homem tem um raciocínio mais lógico, seu foco em geral é solucionar problemas. Para o homem, existe um alvo e todo o seu desenvolvimento será somente para alcançar este alvo e/ou atingir seu objetivo. Já o funcionamento feminino está voltado a uma maior subjetividade, há um foco, mas no meio do caminho são muitos detalhes, muitas possibilidades e o olhar feminino sempre se voltará a todos os detalhes, não somente ao foco e objetivo em si. “A energia feminina, resultado de toda uma composição hormonal, sempre será voltada a atenção aos detalhes, cuidado, zelo e conexão emocional, já a energia masculina, tem como instinto a proteção e sustento, ser o provedor (não somente em aspectos financeiros, mas suporte emocional – não é à toa que os homens têm muito mais dificuldade em expressar sentimentos do que as mulheres). Diante disso, vale ressaltar que não há uma possível substituição, um não é melhor que o outro, são habilidades, instintos e modos de pensar e agir que se complementam”, explica.
Ela destaca que a luta pela igualdade de direitos trouxe diversos pontos positivos para as mulheres, como por exemplo o direito de votar, de ter uma carreira profissional, autonomia financeira e reconhecimento de habilidades e capacidades femininas, ou seja, um lugar na sociedade. Mas ao mesmo tempo que este movimento trouxe diversos benefícios, trouxe também uma inversão de papéis e uma concepção equivocada do masculino e feminino. “Além disso, a conquista de direitos, em muitos assuntos, traz um ar de obrigação em assumir o que foi conquistado, falando da área profissional por exemplo, é maravilhoso que conquistamos o direito de trabalhar fora, mas este movimento, muitas vezes repreende quem opta por não ter uma carreira profissional para se dedicar aos cuidados do seu lar. Deveríamos nos sentir livres para escolher, sem culpa ou sentimento de incapacidade, mas infelizmente, nem sempre essa é a realidade. Há um intenso movimento, ainda nos dias de hoje, de repreensão masculina, o que era para ser uma luta por igualdade de direitos, se tornou uma luta para provar que a mulher é melhor que o homem, ou ainda, que a mulher pode ser exatamente como o homem, o que não é possível, considerando todas as nossas diferenças neurológicas e químicas. Homens e mulheres podem sim ocupar, por exemplo, os mesmos cargos profissionais, mas com certeza eles executarão com pensamentos e comportamentos diferentes. Vou citar um exemplo de fácil compreensão: no momento do parto, a mulher tem uma carga imensa de ocitocina, a qual uma das ações deste hormônio é gerar o sentimento de apego, conexão e proteção, se você reparar em fotos, principalmente de partos naturais, assim que há o nascimento, instintivamente, a mãe pega o bebê nos braços e leva ao peito, segura-o grudado em seu corpo, esse instinto de proteção e conexão é gerado a partir da ocitocina. Já o pai, mesmo que emocionado, tem reações totalmente diferentes, inclusive, leva algum tempo para que ele exerça uma conexão emocional mais intensa, em seu raciocínio, o que mais prevalece é que há uma vida que agora depende dele (provedor). Já a percepção da mulher sobre a dependência desta criança, é muito mais ampla. Este é só um exemplo de como a nossa constituição biológica direciona todo o nosso pensamento, comportamento e emoções”, destaca.
A “pitadinha” especial…
Camila explica que, segundo a Organização Mundial de Saúde, as mulheres têm duas vezes mais chances de desenvolverem transtornos de ansiedade e três vezes mais chances de desenvolverem transtornos depressivos. “Estamos exaustas, sobrecarregadas e buscando executar diversas funções e muitas vezes, nossos desejos, necessidades e a nossa essência, fica de lado. Buscamos ‘dar conta’ de tudo, executar todas as funções e isso tem feito com que deixamos de lado, aquilo que é verdadeiramente nosso, as habilidades que só nós temos e assim, deixamos de ser autênticas, não assumindo a nossa identidade, gerando como consequência, processos de adoecimento (físico e mental). Nós, enquanto mulheres, além de especiais, somos essenciais no mundo. O carinho, cuidado, delicadeza, zelo, a atenção aos detalhes e tantos aspectos que são somente nossos, estão sendo deixados de lado pois muitas mulheres estão tentando ser quem não são, seja por opressão, falsas informações e até mesmo, baixa autoestima. Aceitar a nossa identidade é honrar a nossa essência, nossa história, as nossas características e valores, é ter segurança para sermos quem somos, independentemente do que dizem que devemos ser. Em tudo o que fazemos, transbordamos a nossa essência, deixamos marcas da nossa personalidade, dos nossos valores e prioridades, na medida que tentamos ser quem não somos, não deixamos a nossa marca no mundo e nas pessoas ao nosso redor, além de estarmos sempre esgotadas, pois estamos o tempo todo tentando assumir comportamentos que não são naturais, instintivos nossos. Cada pessoa tem suas habilidades e inabilidades, qualidades e defeitos e enquanto não assumirmos isso e usarmos as nossas habilidades e qualidades a nosso favor, estaremos a vida toda em uma luta adoecedora”, acredita.
Ela acredita que ser uma pessoa autêntica é agir como alguém que conhece a sua identidade e usa-a a seu favor, vive para ser bem-sucedida nisso, potencializa suas qualidades e habilidades, mas também é determinada em melhorar o que é necessário. Ser autêntica é respeitar e valorizar quem somos enquanto mulheres, ter orgulho de habilidades que só competem a nós e acolher as nossas vulnerabilidades. Ser autêntica e romper com padrões e opressões é uma escolha que precisa ser feita diariamente. “Você mulher, é a ‘pitadinha’ especial que pode transformar o seu lar, o seu trabalho e impactar as pessoas ao seu redor. Assuma a sua identidade, seja intencional e verdadeira, se permita ser você”, finaliza.
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