Por Pastor Bruno N. Zastrow
“E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o Anjo do Senhor em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça não se consumia. E Moisés disse: agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E, vendo o Senhor que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: eis-me aqui. E disse: não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa”. Ex.3:1 a 5
O cenário é o deserto. Nesse caso, o do Sinai. O ermo é um lugar no qual não esperamos que coisas boas aconteçam. No entanto, é nele que, frequentemente, o melhor e mais valioso nos aguarda. Foi ali que começaram os anos mais importantes da vida de Moisés. Nesse cenário, ele descobriu tudo de que precisava para ter uma vida produtiva e feliz.
O aspecto espiritual é um dos mais importantes na vida de um homem, senão o principal. A sociedade não pensa assim, ela incentiva a gastarem sua juventude na busca de prazeres físicos e materiais. No entanto, essas satisfações se evaporam. Deixam aquele que não investiu no desenvolvimento da sua vida espiritual. O aprofundamento da sua relação com Deus, mergulhando numa sensação de vazio, frustração, desorientação e infelicidade.
Eclesiastes 12:1 diz: “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias e chegam os anos dos quais dirás: não tenho neles prazer”.
Na juventude, Moisés conheceu grandes e belos santuários. A filha de Faraó o adotara como filho, assim viveu seus primeiros 40 anos no esplendor da corte egípcia. O Egito era a nação mais poderosa e mais religiosa da época. Isso significa que Moisés teve acesso a todos os prazeres e vantagens palacianos, como também a todos os privilégios da elitista religião. Ele pode visitar a antiga pirâmide de Sakhara, as majestosas pirâmides de Quosp. Conheceu os túmulos do vale dos reis e o magnífico santuário de Abu-Simbel. Frequentou os templos de Rá, de Isis, e Osires. Aqueles edifícios representavam o que de mais maravilhoso a mão do homem conseguia criar. Só havia um problema: Deus não estava neles. Os imponentes templos, pirâmides e mausoléus estavam vazios da glória divina, no seu interior não havia vida, nada, porém, que pudesse alimentar a alma humana.
Mas, Deus estava na sarça. Moisés achou no deserto do Sinai o que não encontrava às margens do rio Nilo. As sarças são os arbustos mais insignificantes do ermo. Costumeiramente, não passam de bolas de galhos secos que o vento sopra de uma parte para outra. Não tem serventia a não ser o fogo. Mas, a chama daquela sarça era diferente de tudo que Moisés já vira, não precisava de combustível, era sobrenatural. O arbusto ardia, mas não se consumia. O Senhor estava ali! Moisés reconheceu que pisava uma terra santa e temeu olhar para Deus. Ouviu-lhe a voz, e o seu coração disparou. O ouro das imagens e o mármore dos santuários nunca proporcionaram alimento para a alma de Moisés. Ele o encontrou ali no deserto, naquela simples sarça. Então soube imediatamente que achara o que lhe faltara durante toda sua vida.
Ainda hoje é possível entrar em templos e palácios vazios da presença de Deus. As multidões se impressionam com a grandeza dos edifícios, a riqueza dos ornamentos e a beleza dos hinos. Contudo, seu espírito permanece vazio e a alma faminta. A tradição religiosa não é sinônimo de comunhão com Deus. Precisamos saber que a intimidade com o Senhor é vital para o homem em qualquer idade. Alguns como Moisés, só a encontraram nos seus anos dourados. Como ele, muitos a têm encontrado nos lugares mais humildes, nas reuniões mais singelas e entre as pessoas mais simples. Uma pequena igreja pode representar para nossa vida o que a sarça ardente significou para a de Moisés.
Perguntaram para Abraham Lincon, ex-presidente dos Estados Unidos, porque ele frequentava sempre a mesma pequena congregação em Washington, quando poderia ser membro das maiores e mais ricas igrejas da capital. Ele respondeu: “Nas outras igrejas, os pastores pregam para o presidente dos Estados Unidos. Mas na minha, o pregador fala para o homem Abraham Lincon”. Ele reconheceu que, na simplicidade daquele lugar e daquele povo, encontrava o que seu espírito necessitava. Certamente desejamos que nossa vida tenha um sentido e que seja plena de valor e dignidade. Não queremos vê-la se transformar num mergulho no vazio, no esquecimento e na depressão. Para conseguir isso, devemos encontrar uma sarça em que Deus esteja.
Salmo 32:6a diz: “Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te”.
Nunca é tarde para encontrar uma igreja viva, calorosa e acolhedora na qual sintamos o amor dos irmãos e a presença do Senhor. É nesse lugar que Deus se manifesta. Ali Ele faz arder os corações, ali tremula a chama que queima nossos pecados e aquece nossa alma. Ali o Senhor fala e abençoa, ali percebemos que estamos pisando uma terra santa. O melhor local do mundo é a presença de Deus. Nunca é tarde para achegar-se a Jesus Cristo e crescer espiritualmente. É esse desenvolvimento que possibilita ao homem enfrentar com mais coragem os desafios da vida e superar suas limitações. Aquele que desfruta da comunhão do Senhor é capaz de olhar para o passado sem remorso e para o futuro sem desespero. Sua existência tem um sentido, uma razão de ser, um propósito superior. Ele sabe que Deus o abençoa, e que pode ser até o fim da vida uma benção nas mãos do Senhor.