Capa
“Tu és o Deus que realiza milagres; mostras o Teu poder entre os povos”. Salmos 77:14
Você acredita em milagres? A Bíblia diz, em Mateus 19:26, que “Jesus olhou para eles e respondeu: ‘Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis’”.
O testemunho que vamos contar nessa reportagem especial é um exemplo vivo de que o Senhor que faz milagres é o mesmo de ontem, hoje e será para sempre!
John e Marcelo estavam em um dia normal de trabalho. Mas, como pilotos de avião, iniciaram um voo que não chegou ao destino planejado; foi interrompido por um acidente! Como esse testemunho chegou até nós e porque estamos compartilhando com nossos leitores? A resposta está no mover do Espírito Santo!
Zapeando por canais de televisão depois de voltar de um culto em um domingo à noite, me deparei com essa história em um programa jornalístico e o que mais me chamou a atenção foi que, quando o resgate chegou a essas duas pessoas que já estavam desaparecidas há cinco dias, a primeira coisa que John falou foi: “Deus é bom demais!” Não reclamou, não questionou… apenas reconheceu a grandiosidade do Senhor dos céus e da terra! Como hoje em dia a tecnologia facilita muito a comunicação, não foi difícil encontrar os nossos entrevistados que, gentilmente, nos atenderam, com o apoio das esposas e famílias. Assim, essa história precisa ser contada, para que todos vejam que, independente das tribulações, Deus está conosco e é fiel para quem obedece aos seus mandamentos! Confira o testemunho desses dois pilotos cerca de três meses depois de terem praticamente renascido!
Um dia não tão normal…
John Cleiton Venera, 27 anos, é natural de Itajaí (SC), onde morou até 2010, quando foi estudar aviação no Rio Grande do Sul. Toda a sua família reside no Sul. Há pouco mais de meio ano, ele foi para Pimenta Bueno (RO), onde mora com a esposa Claudia. É piloto de avião há quatro anos, profissão escolhida por ser um sonho de infância, uma vocação.
No dia 30 de novembro do ano passado, John saiu de Pimenta Bueno (RO) com destino a Cuiabá (MT), para manutenção e regularização da aeronave e levar o outro piloto, Marcelo, para buscar outra aeronave da empresa que também estava em manutenção. Este avião voa apenas “VFR” (voo visual – não opera com instrumentos), portanto estavam voando a 7.500 ft (pés), aproximadamente 2.300 metros, acima de uma camada de nuvens, quando de repente, o velocímetro parou de funcionar e como não havia referências visuais devido a essa camada, John teve que descer para buscar referências visuais com o solo. “Neste mesmo tempo, tomamos uma decisão em conjunto: fazer um desvio para livrar as formações e achar um buraco na camada de nuvens. Foi neste momento que a aeronave ‘guardou’ dentro das nuvens e sem referência visual nenhuma, já estávamos em cima da Serra do Mangaval, onde houve a colisão! Assim que me dei conta do acidente, iniciei os primeiros socorros básicos de sobrevivência em mim mesmo. Passou em minha cabeça que precisava sobreviver e voltar para casa para ver minha família. Em nenhum momento pensei que iria morrer! Tinha certeza que alguém nos encontraria! Quando percebi que meu fêmur direito estava muito quebrado, fiz uma tala na perna, com os materiais da própria aeronave e galhos de árvore que caíram próximos”, explica.
Momentos difíceis…
John conta que ele e o colega viveram momentos difíceis naqueles dias. “Na primeira noite, fez muito frio e chovia constantemente; ficamos encharcados… não lembro de ter dormido firme em nenhum dos cinco dias e quatro noites que ficamos lá, esperando o resgate. Tive dor constantemente, porém no auge, vivi momentos de analgesia. Quebrei os dois tornozelos, o fêmur em três grandes partes, com várias micro fraturas; além de quebrar o nariz com fratura exposta, cortar o rosto e a cabeça e ter vários hematomas, cortes e arranhões por todo o corpo”, relata.
Ele diz que tinha ideia de onde estava, pois seu celular estava no bolso e tinha um app com mapa aeronáutico. Porém, sem sinal, não tinha como entrar em contato com ninguém.
Comeram apenas alguns amendoins, que duraram os dois primeiros dias e beberam um pouco de água nos três primeiros dias. “Depois de um dia e meio sem líquido, decidimos tomar a própria urina”, conta.
Esperança em Cristo
O piloto destaca que Deus foi primordial em meio a tudo isso. “Ele me deu forças desde o primeiro momento. Orávamos quase 24 horas por dia, clamava a todo momento! A fé é acreditar no inexplicável. O Senhor colocou em meu coração que não iria morrer naquele momento: perguntei para Deus o porquê estava ali e Ele me trouxe à mente o último culto que havia congregado, em que o Senhor falou muito comigo na Palavra… que eu passaria por um momento muito difícil, mas que Ele estaria comigo… que quando eu não tivesse mais um pingo de força, Ele apareceria com um milagre na minha vida. Senti uma renovação espiritual. Sou nascido e criado na graça de Deus; me batizei aos 12 anos, mas me considero convertido após esse verdadeiro milagre. Tive vários ensinamentos: entendi que na minha vida material, devo valorizar tudo o que tenho, desde as pequenas coisas… e entendo que a felicidade está nas coisas mais simples… e na minha vida espiritual, devo me apresentar a Cristo a todo momento, não apenas dentro da igreja. Devo ser crente onde estiver”, relata emocionado.
Membro da Congregação Cristã no Brasil desde bebê, John acredita que é muito importante participar de uma igreja. “Devemos estar ligados em uma fé e uma ‘doutrina’, que nos oriente como viver momentos difíceis como esse, sem perder a esperança. Deus é a minha base de vida; um Ser superior a tudo e a todos. Quanto à dificuldade que passei, me firmei no Salmo 121: ‘Elevo os meus olhos para os montes: de onde virá o meu socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra’”, ressalta.
Vivendo o milagre de ter saído vivo da aeronave, John conta que falava com Marcelo o tempo todo sobre Deus. “Os dias naquele local foram de muito companheirismo. Ganhamos um ao outro como verdadeiros irmãos”, explica.
Perguntado sobre a permanência em sua profissão, é categórico: “Foi apenas um acidente de trabalho, como em qualquer outra profissão. Com certeza, continuarei sendo piloto”, ressalta.
O reencontro com a família
A esposa Claudia fala da angústia que viveu com a família naqueles cinco dias. “Foram momentos de muita preocupação com o estado em que eles estariam, mas em hipótese alguma eu imaginei que estivessem mortos. Deus falou comigo, tive muita paz e força. Não me desesperei em momento algum. Deus me confortou. E quando veio a notícia de que estavam vivos, tivemos uma explosão de alegria, emoção!!! O reencontro foi no aeroporto, assim que o helicóptero da Força Aérea chegou. Tive um breve contato com ele no hospital, mas conversar mesmo foi possível só no dia seguinte”, destaca.
A emoção do resgate
Marcelo Balestrin, 40 anos, é natural de Palma Sola (SC) e mora em Pimenta Bueno há cinco anos e meio. Casado com Francismara de Sousa, é pai de Maria Eduarda (17 anos) e Júlia Marcela (8). Foi com a família para Rondônia aos dois anos de idade, mas tem vários familiares aqui no Sul do país.
É piloto de avião há oito anos e nunca tinha sofrido acidentes, apenas sustos devido a mau tempo, mas sempre no controle da aeronave. Profissão que não pretende deixar. “Não é um acidente que vai me fazer fracassar! Como Deus fez um milagre, tenho certeza que Ele quer que eu continue sendo piloto”, relata.
Ele conta que, quando colidiram com o solo, de imediato, “apagaram”. “Perdi os sentidos. Quando acordei, chamei pelo John e vi que ele estava acordado. Ele foi lançado pra fora da aeronave e eu fiquei preso às ferragens. No primeiro dia, fiquei ali. No dia seguinte, consegui sair e ir até onde o John estava, mas percebi que minhas duas pernas, um braço e o rosto estavam quebrados (o braço e a boca com fratura exposta). Eu só tinha um braço inteiro! Saí da aeronave me arrastando”, relata.
Marcelo diz que tinha certeza que seriam resgatados. “Em nenhum momento, pensei que morreria. A primeira noite foi muito tensa. Tava preso na aeronave em uma posição nada confortável, sem água e choveu muito. Foram dias muito difíceis”, explica.
Ele só pensava em sobreviver. Não comeu nada naqueles cinco dias, devido à fratura no rosto. “Não conseguia mastigar nem os poucos amendoins que tínhamos. Apenas tomei um pouco de água. Mas, sabia que se Deus nos livrou da morte no momento do impacto, Ele também iria mandar um resgate. Parecia que era um teste, esperando o nosso limite… e realmente, no último dia, quando não aguentávamos mais, chegou o resgate! Imaginava que, provavelmente, não nos encontrariam nos primeiros dias, devido ao mau tempo que persistiu de sexta-feira (dia do acidente) até domingo. Só na segunda-feira começou a melhorar o clima e nós fomos encontrados na terça-feira, por volta das 17h. O resgate foi muito emocionante. Terça, quando iniciou o dia, fizemos fogo para tentar sinalizar mas, pela umidade, apagou muito rápido. No fim da tarde, já tinha comentado com o John que provavelmente passaríamos mais uma noite lá; estávamos nos preparando psicologicamente para isso. De repente, ouvimos um helicóptero! Começamos a bater na aeronave para chamar a atenção, mas passou por cima e não nos avistou… em uns 30 minutos, ele voltou… quando vimos, já começamos a gritar e a agradecer a Deus.. foi uma emoção muito grande. Aos olhos dos homens, é impossível sobreviver a um acidente aeronáutico dessa categoria. Foi um milagre!”, enfatiza.
Esperança e fé
Marcelo acredita que Deus foi a peça fundamental na sobrevivência. “Ele nos livrou da morte, guiou a aeronave: não colidimos em pedras, não batemos de frente com o morro, pois aí não teria como sobreviver… nos colocou numa posição em que pudemos sobreviver e nos deu paciência para sermos resgatados. Eu não senti dor e nem fome. Sempre tive fé e sempre acreditei em Deus, mas nunca tinha sentido Ele tão presente em minha vida como naqueles momentos. Sentia Deus presente toda hora, nos protegendo e nos confortando. Em nenhum momento perdi a esperança”, destaca.
A esposa Francismara relembra os dias de angústia e muito sofrimento, mas que foram encarados com fé. “Tinha total esperança e em nenhum momento pensei em encontrar meu marido falecido. Naqueles dias, buscava ter pensamentos positivos e fazer orações para que o Marcelo e o John fossem encontrados vivos… e quando tivemos a notícia, foi pura alegria! Gritos, pulos, choro e agradecimentos a Deus! O reencontro foi emocionante! Deus existe”, relata.
Uma nova vida
Passados pouco mais de três meses do acidente, Marcelo destaca que o que fica é a necessidade de ter uma visão melhor da vida. “Não se apegar a bens materiais e não fazer inimizades. Estamos aqui de passagem… devemos viver da melhor maneira possível e sempre fazendo o bem às pessoas. Deus é minha vida. Tenho Ele no meu coração. Tudo já mudou: meu jeito de ver a vida, de ver a fé. Deixo uma mensagem a todos os leitores da Revista Paz: tenham fé e acreditem em Deus. Ele existe”, finaliza.
Capa
Lisane Sandra Scherer Bernardi
1 de março de 2019 em 11:45
Que testemunho de fé! Deus é bom! E podemos louvar a Ele, mesmo quando as circunstâncias dizem que não! Aleluia.