Por Pastora Ester Delene Wilke
Na Sinagoga de Nazaré, Jesus recebeu em suas mãos o livro de Isaías e ao abri-lo leu: “O Senhor me deu o seu Espírito. Ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres e me enviou para anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos e anunciar que chegou o tempo em que o Senhor salvará o seu povo” (Lucas 4:18 e 19). E assim Jesus revela aos seus ouvintes o plano de Deus, ou seja, salvar da opressão e do pecado. O “seu Espírito” abre o caminho da salvação para pessoas pobres, cegas, presas e oprimidas. As boas notícias que Jesus traz são para superar o sofrimento causado por escravidão e injustiça, especialmente, para as pessoas sofridas, marginalizadas e esquecidas da sociedade.
Jesus foi o escolhido de Deus e escolheu pessoas para continuarem a Sua missão de levar as “boas notícias”. São as pessoas batizadas e que deram testemunho de fé, ensinaram e viveram com fidelidade e coerência o que receberam.
Nós somos as pessoas que Jesus escolheu para esta importante missão. Fazemos parte daquilo que Cristo assumiu na sinagoga de Nazaré. Cabe uma reflexão: o nosso ser e agir reflete o que a Palavra de Jesus traz? Ou somos como o povo da sinagoga de Nazaré que ouviu com entusiasmo e depois desistiu? Achamos que essa palavra é muito dura, difícil diante da realidade que vivemos?
Lembramos que Jesus conhece a nossa fragilidade e por isso nos encoraja e nos dá confiança: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:20b).
A fé em Cristo nos faz agir com esperança! A salvação que Cristo oferece começa aqui e agora. Esperamos o porvir, mas precisamos viver os desdobramentos concretos que a Palavra de Jesus traz para nossa vida no tempo presente.
Jesus mesmo não quis ser servido. Nós bem sabemos, mas fica muito claro novamente! Portanto, o chamado é para olharmos além de nossa vida, de nossos interesses e necessidades. Viver em comunidade nos leva a compromissos de vida com justiça. Vivemos em estruturas e relações que precisam ser restauradas, precisam superar sofrimentos para alcançarmos a paz. Violência, corrupção, pobreza, exclusão, ódio e tantas situações de pecado nos atingem. Atingem mulheres, homens, crianças de diferentes povos, culturas e idades. São as pessoas fragilizadas da sociedade. É disso que Jesus está falando.
Nós somos hoje o povo das bem-aventuranças. “Quando Jesus viu aquelas multidões, subiu um monte e sentou-se. Os seus discípulos chegaram perto dele, e ele começou a ensiná-los” (Mt 5:1s). Jesus tudo vê: ansiedades, lutas, sofrimentos, dificuldades, feridas, que marcam profundamente o seu povo.
O Evangelho, em primeiro lugar, fala para cada um e cada uma de nós. O Evangelho que anunciamos deve perpassar os espaços onde vivemos: comunidade, família, trabalho, sociedade. O evangelho é esperança de vida digna.