Conectado com

“Sinto como se eu estivesse vivendo uma nova vida”

Capa

“Sinto como se eu estivesse vivendo uma nova vida”

Na reportagem de capa desta edição, vamos contar um lindo milagre que Deus fez na vida de Sabrina dos Santos Silva (28), formada em Ciências Contábeis e casada há 5 anos com Henrique Alessandro da Silva, com quem tem uma filha, a Liz (1 ano e meio). Natural de Palotina, veio com a família a Marechal Cândido Rondon aos dois anos de idade, de onde nunca mais saiu. “Pretendo continuar morando aqui, pois é uma cidade acolhedora e boa para se morar. Acredito ser um bom lugar para criar nossa filha”, explica.

Há alguns meses, passou por um susto bem grande! Ela conta que, quando criança, teve bronquite e ficou internada por um tempo. Depois disso, nunca mais teve problemas sérios de saúde. Na sexta-feira, dia 01/04/2022, começou a sentir dores na região da barriga e sentiu que estava febril. “À tarde, fui ao Hospital e o médico plantonista deu o diagnóstico de dengue. Receitou medicamentos para dor e febre e pediu que somente na segunda-feira fizesse o exame de sangue para confirmar se era dengue. No fim de semana, fiquei muito mal em casa, sábado à noite comecei com tosse e dor nas costas. Na segunda, fui fazer o exame de sangue que deu negativo para a dengue. Logo após o meio dia, não aguentei mais a dor e entrei de cadeira de rodas no hospital, fui atendida por outro médico que me colocou em uma maca no soro, e apenas por volta das 21h fui internada; fizeram tomografia, me colocaram no oxigênio e após à 01h da manhã entraram com antibióticos. Na terça-feira, o médico pediu minha transferência para uma UTI em Maringá, pois meu caso era muito grave”, explica.

Sabrina tem poucas lembranças desde que entrou na UTI. “Não lembro do dia em que acordei. Durante o período que fiquei sedada, tive vários sonhos estranhos e alucinações, como de que fui sequestrada e toda minha família estava reunida a minha procura. Digo que o mês de abril eu não vivi, pois tenho poucas lembranças. Por volta das 11h do dia 05/04, fui transferida de ambulância para a UTI de um hospital em Maringá-PR. Chegamos às 15h30 e fui direto para o Centro de Terapia Intensiva (CTI), onde já fiquei em acompanhamento, respirando através do oxigênio e medicação. O diagnóstico era de pneumonia grave bilateral com empiema pleural. No dia seguinte, às 20h, fui submetida a uma cirurgia torácica para decortição e drenagem de tórax, pois estava com derrame pleural, vasos respiratórios inflamados e infecção entre o pulmão e caixa toráxica, e também uma fístula broncopleural. Fizeram também uma limpeza e tiraram um pedaço do pulmão para biópsia. Às 23h, saí da sala de cirurgia com drenos, em coma induzido e intubada. Na quinta-feira, dia 08/04, não tive melhoras, o quadro clínico evoluindo para choque séptico, insuficiência renal, então decidiram realizar a posição de prona, assim ficaria 24 horas para dar uma resposta de melhoras. Me tiraram desta posição de prona na sexta, às 13h. Não obtendo melhoras, o respirador mecânico estava em 100%. Então o Dr. Jair e equipe reuniram minha família, no momento estavam meu esposo Henrique, minha irmã Tatiane e minha sogra Diles. O Dr. sugeriu que havia uma cartada final, que seria a ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) – um “pulmão artificial”. Depois disso, não teria mais nada a ser feito. Ele explicou que seria algo muito complexo, que exigiria uma equipe grande de médicos, pois a máquina exige muito conhecimento para ser utilizada, devido aos riscos de sangramento que poderiam ocorrer em qualquer lugar do corpo, podendo ser irreversível”, destaca.

 

A ajuda de muitos para o milagre…

Talvez você que está lendo essa reportagem, pode ter feito parte desse milagre, participando da campanha de arrecadação de valores para poder oferecer o tratamento adequado à Sabrina! “Quando o médico chamou meus familiares para falar do ‘pulmão artificial’, disse que custaria em torno de R$ 160 mil. Então bateu um desespero, pois o prazo para entrar na ECMO era de 72 horas, e o custo muito alto para conseguir em tão curto prazo, além de ser final de semana, quando os bancos estavam fechados, para tentar algum financiamento, refinanciar o carro e até mesmo a casa. Então o Dr. comentou que teríamos que pagar a parte do hospital para liberar a ECMO, se não, eles não poderiam fazer o procedimento. Porém a parte dos médicos poderia ser paga depois. Logo após a conversa, foram até a tesouraria para ver a parte do hospital que era de R$ 82.500,00. No caminho de volta ao hotel, meu esposo e minha irmã tiveram a ideia de pedir ajuda por pix e transferência. Aí tivemos a grande descoberta de como existem pessoas maravilhosas e com bom coração. No sábado de manhã, pelas 10h30, com a ajuda dos parentes, amigos e desconhecidos, conseguimos alcançar o valor de 82.500,00! Até passou um pouco do valor, que ajudou a cobrir uma parte do valor dos médicos. Para nossa alegria, não demorou 24 horas para arrecadar o montante”, explica.

Henrique, marido da Sabrina, destaca que foi algo de grande emoção, pois por maior que fosse a dificuldade do procedimento e todos os riscos que apresentava, iria tentar mais uma vez salvar a vida da esposa. “De começo, não esperávamos que iríamos arrecadar tão rápido”, enfatiza.

 

Mais desafios…

Assim, no dia 09/04, Sabrina entrou na ECMO, tendo uma hemorragia superficial, o que exigiu algumas horas para ser sanada, tendo que tomar bolsas de sangue. Depois disso, tranquilizou e seguiu na ECMO até 17/04, quando a fisioterapeuta Andrea reparou que estava com bexigoma (sem urinar), então naquele domingo de Páscoa os médicos se reuniram e viram que ela estava com sangramento na bexiga. “Optaram por retirar a ECMO, procedimento de emergência para desosbrituir o sangramento. Nesta manobra, contraí uma super bactéria urinária. Aí começaria mais uma luta com antibióticos. Troquei de quarto e fiquei isolada por conta da super bactéria. Após alguns dias, começaram a tirar minha sedação e me desintubaram, fiz a traqueostomia, o pulmão já estava um pouco melhor. Mas o meu corpo não respondia, achavam que seria por causa da sedação ou o bloqueador neuromuscular, pois cada organismo responde de uma maneira. Foram dias como se estivesse em estado vegetativo, sendo algo preocupante para os médicos. Começaram a recorrer a exames neurológicos para tentar localizar o problema. Os resultados demorariam para sair.  No dia 28/04, por volta das 13h15, não se sabe o motivo, tive uma parada cardíaca. A Dra. Graziele me reanimou por 15 minutos, utilizaram massagem e choque. Voltando, me levaram para tomografia do pulmão, pois o choque provocou mais algumas lesões no órgão. Então fui intubada e sedada novamente. A Dra. comentou que em 48 horas meu organismo teria que dar uma resposta para ter certeza que não ficaria nenhuma sequela”, relata.

 

Um momento especial…

Após esse período foi tirada a sedação, e graças a Deus, Sabrina não ficou com sequelas. Foram feitos mais exames na parte neurológica, não constatando problemas. Começava novamente os dias de fisioterapia para voltar os movimentos do corpo. “No dia 11/05 foi quando comecei, aos poucos, a dar uma resposta dos movimentos. Dia a dia, ia melhorando. Então surgiu a hipóstese de uma alta para o quarto, que se confirmou no dia 18/05. Este dia foi muito especial, enfermeiros e médicos vieram na UTI com balões de festa para comemorar esta conquista. Fui para o quarto com sonda de alimentação e a traqueostomia. A sonda foi retirada dois dias depois. No dia 24/05, tive a alta para o quarto. Neste dia, fiz uma tomografia dos pulmões, onde constaram poucos fragmentos, e tirei a traqueostomia. Ao todo, foram 45 dias na UTI e mais 7 no quarto. A expectativa médica era de que eu iria ficar de 90 a 120 dias na UTI (Deus é bom – todos se surpreenderam com minha recuperação, pois depois de tudo que passei me recuperei mais rápido que o esperado, sem nenhuma sequela). Durante todo esse período, tive acompanhamento da fisioterapeuta Andrea, ela me ajudou muito, uma pessoa incrível, que além de fisioterapeuta, era amiga e muitas vezes, psicóloga (hehehe)”, relata.

 

Apenas 5%…

Ela explica que o diagnóstico inicial era de pneumonia grave, mas isso só foi confirmado através de uma biópsia de um pedaço do pulmão, sendo que após 20 dias veio o resultado. “Mas o Dr. Vlaudimir, cirurgião toráxico, comentou após a primeira cirurgia que poderia ser vasculite, então o tratamento estava sendo realizado em cima dessa primeira hipótese, até o resultado da biópsia. Como não tive melhoras da primeira cirurgia, o Dr. comentou que eu estava com 95% de chances de vir a óbito. Os médicos sempre falavam que onde haveria 1% de chance de vida eles iriam buscar, nunca com pensamentos negativos. Quase todos os médicos acreditavam muito no milagre de Deus, pois sempre comentavam que haveria eles, os médicos, eu Sabrina querendo sobreviver, e Deus na cura”, destaca.

 

Um milagre

Sabrina crê que a sua recuperação foi através da ação divina, um milagre. “Recebi muitas orações, acredito que toda essa corrente de orações e pensamentos positivos fizeram a diferença na minha recuperação. Sempre participei na igreja (sou católica) e fazia minhas orações em casa, mas depois de tudo isso que passei, me sinto muito mais apegada à fé. Para Deus, tudo é possível, Ele nunca me abandonou. Tenho certeza que as orações foram muito importantes. Minha sogra e a Igreja Emanuel me acolheram de uma forma gigantesca, fazendo orações incansavelmente. Recebi orações de muitas pessoas, parentes, amigos, enfermeiros, médicos e desconhecidos. Foi uma fé muito grande por parte de várias pessoas. Me sentir amada por tantas pessoas me fez ter mais fé na minha recuperação”, ressalta.

 

Chegando em casa…

No dia 24/05, Sabrina teve alta do hospital. “Foi um momento muito emocionante. Saí do quarto de cadeira de rodas, passei pela porta do CTI para me despedir dos enfermeiros; foram pessoas incríveis durante minha recuperação. Quando saí pela porta do hospital foi mais uma emoção, sentir o ar de fora e o sol foi incrível, foi como se eu estivesse vivendo novamente. O dia estava lindo, sol sem nuvens e o céu azul. Entrei no carro com ajuda do meu esposo e voltamos para Marechal Cândido Rondon. Chegamos na casa dos meus pais à noite; todos estavam me esperando: minha mãe, pai, irmão e minha filha. Foi maravilhoso revê-los”, relembra emocionada.

Ela relata que até hoje é difícil acreditar que passou por tudo isso; foi Deus mesmo. “Tenho muita gratidão por cada oração, cada ajuda que recebi. Todo esse amor, carinho, cada palavra que chegava a mim, mensagens, fotos e vídeos foram muitos importantes; minha família e minha filha foi o que me motivou a lutar para viver. Na UTI, mesmo não conseguindo me movimentar e falar, em pensamento eu orava pra Deus pedindo que eu melhorasse logo. Eu sentia que iria sair daquela situação, sempre pensando positivo”, ressalta.

 

Uma nova vida!

“Sinto como se eu estivesse vivendo uma nova vida. No dia da alta mesmo, chegando na cidade, revendo os lugares, as casas, tive um sentimento de alívio e ao mesmo tempo uma ansiedade de estar voltando para casa. Poder conversar e conviver com minha família novamente, é muito gratificante. No hospital, sentia muita saudade da família, e em especial da minha filha. Meu esposo sempre me mostrava vídeos e fotos da Liz, isso acalmava meu coração. Mas ao mesmo tempo eu estava tranquila pois sabia como a Liz era tratada já, então sei que minha mãe e minha sogra deram o melhor delas para cuidar da minha filha. Poder agora, todos os dias, conviver com a Liz, a ver caminhando e brincar com ela é maravilhoso. Só tenho a agradecer a Deus pela nova oportunidade. Mesmo quando tudo estiver mostrando que não vai dar certo, acredite e confie em Deus com fé, Ele vai atender. Deus é misericordioso”, finaliza Sabrina.

Capa

Continuar Lendo
Clique para comentar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais em Capa

Para o Topo