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Violência contra a mulher

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Violência contra a mulher

“O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra”. Salmos 121:2

Março é o mês das mulheres! Uma linda data a ser comemorada! Mas, além das homenagens, há um lado nada alegre e feliz que devemos nos atentar: o da violência contra elas.

Um país onde 87% se diz cristão, é assustador ocupar o 5º lugar em violência doméstica. Uma realidade triste e que deve ser combatida. De onde vem o socorro?

Leia a nossa reportagem e seja impactado!

 

“Mulher, tu estás livre!” T D Jakes

A pastora Mariana Wild atua na equipe pastoral da IDD Emanuel de Marechal Cândido Rondon, há 10 anos. “Organizamos, dentre outras frentes, a rede de Mulheres Reais, onde prestamos assistência e orientação bíblica e pessoal à mulher mãe, profissional, jovem, à mulher em seus anseios emocionais, e mais do que ser uma casa de fé e oração, entendemos que nosso papel é o de mudar o mundo que conseguimos alcançar. Participar desta reportagem tem um peso e uma importância para o cidadão cristão, pois falar sobre a dura realidade da violência contra a mulher é o primeiro passo de uma longa jornada. Ora, antes calávamos, ignorávamos e passávamos de largo. Repetíamos, de forma contextualizada, a confrontadora parábola de Jesus acerca do Bom Samaritano, que perguntou aos seus discípulos: ‘quem é o seu próximo?’ Não foi o sacerdote, nem o levita, obreiros da religião, que ampararam e curaram as feridas daquela vítima dos ladrões e salteadores… foi o cidadão comum. Jesus já havia nos advertido de que não foram os homens óbvios, que deveriam prestar socorro, por sua função e posição, que primeiro socorreram o necessitado. Antes, foi gente como a gente. Simples, livre de rótulos, que fez a sua parte, o que estava ao seu alcance. Jesus disse que Seu Reino é um Reino de paz, justiça e alegria. Todas as vezes que uma mulher está sendo vítima de qualquer tipo de violência, não há paz, nem justiça ou alegria”, acredita.

A pastora destaca como é difícil tratar de um assunto delicado como este no meio religioso. “A religião, do latim religare, fala de uma conexão do homem com o divino. Na nossa limitação e pequenez, buscamos caminhos que nos levassem a esse Deus grande, misterioso e Eterno. Como chegar até Ele? Se a base de toda a religião é um bom comportamento para se tornar aceito por Deus, a religião vem a ser o palco perfeito, onde somos os atores habituados a utilizarem máscaras de ilusão, onde não se admitem erros. Nem um casamento fracassado, nem pais com filhos nas drogas, nem nada que destoe da perfeita família cristã. Por isso, episódios de dor e tristeza estiveram ocultos, como verdadeiros segredos de família, por gerações a fio. Impensável admitir a dura realidade de mulheres agredidas, homens agressores e famílias feridas por histórias trágicas, mas que no domingo, iam cultuar nas suas congregações perfumados, bem vestidos e com a família mascarada da religiosidade”, enfatiza.

 

Reino de Justiça

Se Cristo disse que Seu reino era de justiça, onde está ela? “Muito presente nas páginas da Bíblia, Livro que sobreviveu às eras. A Bíblia, assim definida pelo grande jurista Rui Barbosa: ‘Se eu a coloco abaixo de todos os livros, ela é a que mantém todos eles, se eu a coloco no meio dos outros livros, ela é a coração desses livros, e se eu a coloco em cima dos outros livros, ela é a cabeça e autoridade de todos os livros em minha biblioteca’. Ao contrário do que muitos afirmam, não é um livro machista e repressor. Leia a Bíblia com as lentes do seu tempo e você vai descobrir que é um livro de vanguarda. Mesmo as sólidas leis judaicas são leis de proteção à mulher. Na Bíblia, os pobres, os exilados, as viúvas e os órfãos constituem, segundo o filósofo americano Nicholas Wolterstorff, o quarteto da vulnerabilidade. O teólogo e pastor Timothy Keller avalia que a negligência em relação ao mais fraco não é apenas falta de misericórdia, mas violação da justiça. Esse termo, justiça, do hebraico mishpat, ocorre mais de 200 vezes no antigo testamento, e seu significado mais completo é o dar às pessoas o mesmo tratamento, independente de raça, gênero e posição social. Deus ama e defende os mais fracos, então precisamos agir dessa maneira. Esse é o significado de fazer justiça”, ressalta.

A pastora Mariana comenta que refletir sobre os dados da violência contra a mulher no Brasil é de partir o coração. “Me lembro que ao final de uma edição do programa que apresentava, ‘Viva Mais’, dedicado a este tema, recebi uma mensagem de uma mulher cristã de outra cidade, falando que havia se identificado com o assunto por ter sofrido violência doméstica por muitos anos, e pasmem: era casada com um homem acima de qualquer suspeita. Chorei. Relembrei as palavras do promotor Fabricio Bastos, convidado daquela edição, que disse com veemência: ‘Em briga de marido e mulher, se tiver pancadaria, alguém tem que meter a colher sim. Chamem a polícia’. Infelizmente, vítimas de violência estão mais perto do que imaginamos e a igreja, que é um refúgio e um lugar de proteção, precisa abrir suas portas para as mulheres que sofrem e lhes apresentar um caminho de justiça e apoio”, destaca.

 

Invisíveis?

Uma das formas mais comuns de abdicação de direitos é a crença de que elas são invisíveis. Como? “Em 2020, o ano da pandemia e do confinamento, os índices de violência gritaram, e nós, muitas vezes escravas de pensamentos legalistas, não demos a atenção devida. Talvez porque nos falaram que o homem foi criado por Deus para dominar, e além de chegar depois, a mulher foi a primeira a transgredir. Foi ela quem se deixou seduzir pela serpente e condenou a humanidade. Por isso, ela tem que ser subjugada, como sentenciou Tertuliando, no século III. Você, mulher, destruiu a cara imagem de Deus. Você é a porta do diabo, a desertora da lei divina. Desde aquele tempo, até os dias de hoje, muitos ainda corroboram essa visão. Graças a Deus que o ensino de Cristo Jesus e dos apóstolos trouxe uma libertação desse jugo. Por favor, leia a Bíblia com os olhos corretos! O admirado autor e poeta C. S. Lewis escreve que a autoridade do homem só existe sob a condição de entrega e amor sacrificial do seu marido. O marido é o cabeça da esposa quando ele é para ela o que Cristo é para a igreja! Ele deve amá-la e se entregar por ela. Ele sempre precisa entregar mais do que recebe. Será que se colocássemos a Bíblia no lugar que ela merece estar, teríamos mais amor e menos violência?”, enfatiza a pastora.

 

Submissão mútua!

Mariana questiona: como entender pessoas que usaram de argumentos em nome da fé para proclamar a manipulação, o egoísmo e fizeram vista grossa para os injustiçados? “Talvez pautados em argumentos tirados fora de contexto da Bíblia, escritos por Paulo, o apóstolo. Sobre a sua condenação, T.R. Glover afirmou: ‘haverá dias que os homens chamarão seus cachorros de Nero e seus filhos de Paulo’. Sim, chegaram mesmo esses dias. Meu filho tem o nome de Paulo, e a razão é exatamente essa: uma imensa admiração por este grande homem de Deus. Com a minha lente e gostando muito da história deste apóstolo, confesso que tinha que me esforçar pra entender porque ele parecia tão machista, como o seguinte. ‘As mulheres estejam caladas nas assembleias, porque não lhes é permitido tomar a palavra e, como diz também a Lei, devem ser submissas’. Mas se é assim, porque Priscila, Perfide e Júnia foram tão honradas nas cartas escritas pela mesma pessoa? Não, Paulo não é misógino. Muito pelo contrário. Ele estava inserido em uma cultura greco-cristã, e como tal, pensava e escrevia. Lembre-se que a Bíblia foi escrita originalmente para homens, não para mulheres, em uma sociedade patriarcal e machista. E um dos ensinos mais chocantes para a época foi o de que a ética cristã era, e é, uma ética de obrigação recíproca. Nunca é uma ética em que todos os deveres estejam de um lado. Como Paulo viu, os maridos têm uma obrigação tão grande quanto as esposas. Isso foi uma coisa totalmente nova. Sob a lei judaica, a mulher era uma coisa, a posse de seu marido, tanto quanto sua casa, seus rebanhos ou seus bens materiais. Ela não tinha nenhum direito legal. Já na sociedade grega, uma mulher respeitável viveu uma vida inteira de reclusão. Ela nunca apareceu nas ruas sozinha. Vivia em separado, e dela se exigiu total servidão. Ou seja, sob as leis e costumes judeus e gregos, todos os privilégios pertenciam ao marido e todos os deveres à esposa. Numa sinagoga onde Paulo fosse lido, elas estariam isoladas em uma galeria, e os homens ficariam em baixo. Numa reunião na sala de uma casa, elas seriam meras espectadoras e jamais participariam ativamente de uma discussão. No fundo, Paulo é muito mal interpretado, e quem não gosta dele deve ter sido porque leu a Bíblia como se ela tivesse sido escrita na semana passada. Ele promove a emancipação da mulher em uma mensagem de vanguarda e resgate. Quando ele escreve em Efésios 5 que os maridos deveriam amar suas mulheres como Cristo amou a igreja, ferve a cabeça de muita gente, porque essa era uma ideia impensável naquela cultura. Como assim, se entregar e se sacrificar por uma mulher? Nunca. Ser amada, definitivamente, não era uma expectativa delas! Paulo dizer às mulheres que sejam submissas não era novidade, mas dizer aos maridos que deveriam amar suas esposas, e mais do que isso, que as amassem como Cristo… isso foi uma bomba!”, acredita.

Nosso amigo e defensor Paulo é o que primeiro promove o princípio da submissão mútua! “O marido e esposa devem se submeter um ao outro, bem como pais e filhos, patrões e empregados. Na Bíblia, portanto, posição não é privilégio, é responsabilidade. Se alguém quer liderar, que seja o primeiro a servir, e é mais uma vez a verdade da Palavra derrubando com força conceitos de domínio e errônea autoridade. Foi com a água e a toalha do serviço que Jesus pregou Sua última grande mensagem, dando o exemplo. O maior, sirva o menor. Se servimos com alegria a vida inteira, quem então é de fato o maior da casa?”, questiona.

 

Jesus faria isso?

Pensando na violência doméstica, a pastora propõe que se a igreja é considerada por muitos como “parte do problema”, que seja parte da solução. “Me lembro de Hilda, cristã convicta, suportando por muitos anos maus tratos de seu marido, diante de seus filhos. Seu pastor dizia apenas que ela continuasse a suportar a violência e orasse, para que um dia, Deus tocasse no coração do seu esposo. Até que veio trabalhar na nossa casa, como diarista, e não respeitamos o seu olho roxo. Tristemente, admitiu os maus tratos. Por medo, não levou adiante a denúncia e foi mais uma que compôs a estatística de mulheres amordaçadas pela sua circunstância. Elisa, professora, com muita culpa abriu mão de um casamento onde ela era a vítima. Por conta do divórcio, teve que abrir mão das funções na sua igreja, por não ser uma referência de casamento. Me pergunto: Jesus faria isso? Jesus detestava a religiosidade. Se despiu de Sua aparência de glória para se tornar vulnerável como nós. Invadiu o lugar da religiosidade, do engano, do roubo em nome da fé, e chamou a entrada do templo de covil de ladrões. Qual a proposta de Jesus para as mulheres? Quando Ele as encontrou, assumiu a posição de Libertador. Jesus as devolve para um caminho de reconhecimento, posição, abrigo e resgata seu propósito de obra-prima da criação. Cristo teve muitos e importantes contatos com mulheres. Ele tocou seus corações com amor e ternura, trazendo cura, restauração e liberdade para serem elas mesmas. Todas as mulheres que tiveram um encontro pessoal com Jesus foram transformadas. Para sempre”, ressalta.

 

Paz, justiça e alegria

Em seu livro “A Missão da Mulher”, Paul Tornier, um famoso psiquiatra cristão suíço, explica que mesmo uma leitura rápida do novo testamento deixa claro que, em geral, as mulheres compreenderam Jesus melhor e mais depressa do que os homens. Jesus levou as mulheres a sério, considerando-as pessoas com quem poderia conversar e capazes de compreender suas revelações sobre Deus. Ele as ensinou, corrigiu, perdoou-lhes os pecados, ofereceu a elas Seu amor e deu-lhes a visão do lugar que podiam ocupar no Reino de Deus. Ele se mostrou livre de preconceitos, falando com elas da mesma forma que falava aos homens, com o mesmo respeito, a mesma confiança, as mesmas exigências e as mesmas promessas. “Jesus viveu cercado por um grupo de mulheres que, desafiando as restrições impostas por sua cultura, seguiu-o por estradas empoeiradas, sustentando-o e a seus discípulos com bens materiais e oferecendo um pouco de conforto ao mestre amado. Elas estiveram com Ele na agonia de Sua morte e foram as primeiras a cuidar Dele no sepulcro. Por isso, tiveram a alegria de, por primeiro, vê-lo ressurreto. Foi Ele que nos ensinou a oração do Pai nosso, e é nossa responsabilidade seguir este caminho. Proteger o fraco e o oprimido, lutar pelos direitos do menos favorecido. Deus tem lado: o lado dos que sofrem. Venha o Teu Reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu. E não nos esqueçamos jamais: Seu Reino é um reino de paz, justiça e alegria”, finaliza.

 

“Maria da Penha”

Edna Vaz Battistella, pedagoga do Núcleo Maria da Penha de Marechal Cândido Rondon (NUMAPE), explica que a Lei 11.340 de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, retrata a trajetória de luta das mulheres por justiça e proteção contra a violência doméstica e familiar no Brasil. Segundo essa Lei, violência doméstica se configura em “[…]qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”. “Tem como objetivo coibir e prevenir a violência contra as mulheres, representando um avanço ao definir e especificar as formas de violência doméstica e familiar. Bem como, garante às mulheres em situação de violência e de vulnerabilidade social, o acesso a programas de assistência promovidos pelo governo. A lei também prevê medidas protetivas de urgência que visam garantir a integridade física e psicológica das mulheres, visto que geralmente essa violência ocorre no âmbito privado, com pessoas do convívio diário. Não apenas o autor de violência, como também a pessoa que tem conhecimento da situação e opta por se omitir, ou que age com indiferença, podem ser responsabilizadas pelas consequências advindas de episódios de violência. Atrelado a isso, as mulheres que sofrem com danos causados pelos autores da violência e por aqueles que se omitiram diante da situação de violência praticada, têm direito à indenização por danos morais e ainda, e se for o caso, danos materiais”, explica.

 

Dados assustadores

Edna destaca que, independentemente de quaisquer condições, as mulheres  têm direito ao acesso das facilidades para viverem sem violência, preservar sua saúde física e mental, bem como aprimorarem seu desenvolvimento moral, intelectual e social. São asseguradas às mulheres, como obrigação do Estado, as condições necessárias para o pleno exercício do direito à vida, segurança, saúde, alimentação, educação, cultura, moradia, liberdade, cidadania, dignidade, convivência familiar e em grupo, bem como direito ao acesso à justiça, esporte, lazer, trabalho, entre outros.  “De acordo com a jornalista e escritora Marília de Camargo César, no Brasil, a cada onze minutos, uma mulher é estuprada; a cada dois minutos, cinco são espancadas; um feminicídio acontece a cada duas horas; e a cada uma hora, 503 mulheres são agredidas. Essa é a realidade do Brasil, a incongruência de uma sociedade que se delibera 87% cristã. Nosso país ocupa o 5º lugar no ranking mundial dos países onde existe mais violência desse gênero. Esses dados nos revelam uma visão totalmente contundente de um país que se mostra em maioria cristão. Em virtude dessa triste estatística, é que muitas pessoas seguem lutando por essa causa, como forma de superar essa cultura machista e patriarcal, perpetrada por séculos”, enfatiza.

 

Cristãos?

O livro “O grito de Eva – a violência em lares cristãos”, de Marília Camargo César, relata fatos baseados em estudos sobre histórias de violência doméstica vividas por mulheres em seus lares. “Marília, a autora, menciona que os principais motivos dessas mulheres não fazerem a denúncia se dá por medo, vergonha e escândalo no meio do povo cristão, uma vez que esses deveriam ser vistos como exemplo para toda a sociedade. Muitas mulheres sofrem violência doméstica por longos anos, sendo aconselhadas a ficarem com seu sofrimento e aceitar como um fardo, ou seja, existem em nossa volta mulheres sendo agredidas, espancadas, sofrendo abortos em razão da violência, sendo estupradas por seu próprio companheiro, e sendo aconselhadas a carregarem caladas sua ‘cruz’ até o fim de suas vidas. É de extrema importância ressaltar que o casamento abusivo não é cristão, porque o cristão verdadeiro não deve ser violento e, consequentemente, no casamento dos seguidores de Cristo, não pode haver violência, uma vez que se parte do pressuposto que a ética cristã é sustentada pelos princípios teológicos descritos na Bíblia, para guiar as ações dos homens segundo os ensinamentos de Jesus”, enfatiza.

Edna conta que o livro apresenta os ensinamentos necessários e expõe um comportamento agradável na vida conjugal, sendo que o povo que age de tal maneira pode ter uma relação especial, zelosa e de boas obras. Por outro lado, devemos refletir sobre a seguinte situação: se qualquer homem, cristão ou não, passa por um atentado violento, um assalto ou uma agressão por exemplo, a polícia é acionada imediatamente, e isto realmente é o correto a se fazer. No entanto, fica a reflexão: por que quando se trata em violência contra as mulheres, muitas são incentivadas a não denunciar? “Esse incentivo vem, muitas vezes, da própria família, dos amigos, da igreja e dos próprios líderes religiosos, os quais deveriam ser as pessoas mais indicadas a tirar essas mulheres do ciclo da violência, já que eles têm a premissa dos ensinamentos de Cristo. Acredita-se que um dos maiores motivos pelo qual existe tanta violência doméstica no meio cristão é o modo como é interpretado o significado da palavra submissão. Em muitas igrejas, as pessoas são ensinadas de maneira errônea sobre esse contexto. Assim, se essa palavra não é analisada de maneira coerente dentro do contexto bíblico, pode causar estragos irreversíveis na vida de muitas mulheres, como cicatrizes físicas e traumas psicológicos. Devemos entender que a submissão não cabe somente às mulheres, mas a todos, pois os homens que realmente temem a Deus, amam, cuidam, protegem e respeitam suas esposas. Em virtude disso, é que muitas mulheres sofrem caladas, pois já conhecem a doutrina e foram ensinadas a ficar em oração e esperar. Consequentemente, sofrem um relacionamento abusivo e ficam à espera de um milagre, não encontrando forças e apoio para dar fim ao martírio que vivenciam”, ressalta.

 

Agindo com sabedoria

Segundo a pedagoga, deve-se entender que onde Cristo verdadeiramente habita, não há violência. Não só as mulheres terminam sendo afetadas, mas os filhos também, já que muitos desses meninos podem se tornar potenciais autores de violência e as meninas, por sua vez, acharem que é normal sofrer qualquer tipo de agressão, pois este é o cenário que presenciaram dentro da própria casa. “As lideranças não podem aceitar que homens que cometem ato de violência doméstica, contra esposas e filhos, continuem impunes e muitas vezes até com cargos nas igrejas. O líder religioso pode e deve incentivar as mulheres a prestarem queixas dos maridos violentos, até porque quando elas têm coragem de compartilhar seu sofrimento, é porque a situação já fugiu do seu controle. Para as mulheres que sofreram agressões, o conselho desse(a) líder é muito valioso, por isso é imprescindível acolhê-las e orientar que elas façam a denúncia, garantindo que estejam em um ambiente seguro. Também deve auxiliar os maridos autores de agressões a procurar ajuda, buscar orientação profissional se necessário, seja ela psicológica, psiquiátrica ou outros, colocando um ponto final no ciclo da violência”, ressalta.

 

Ajuda

“Nós do NUMAPE realizamos atendimentos nas situações de violência ocorridas na Comarca de Marechal Cândido Rondon, abrangendo as cidades de Nova Santa Rosa, Mercedes, Entre Rios do Oeste, Pato Bragado e Quatro Pontes. Nos colocamos gratuitamente à disposição para tirar dúvidas, prestar trabalho jurídico por meio de advogado, dar palestras e apresentar trabalhos pedagógicos, a fim de conscientizar as pessoas sobre a violência doméstica, mantendo total sigilo de informações. Para as mulheres que estão passando por uma situação de violência, a Palavra diz que a sabedoria precede a honra. Sejam sábias: denunciem”, finaliza Edna.

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